segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A verdadeira face do juiz Sérgio Moro e o perigo da judicialização da política no Brasil.


Foto – Juiz Sérgio Moro, o falso herói (imagem ilustrativa).
Na última quinta-feira, dia 2 de fevereiro de 2017, a ex-primeira dama do Brasil, Dona Marisa Letícia, veio a falecer aos 66 anos de idade, após ter sofrido um AVC na semana anterior seguido de alguns dias de internamento no Hospital Sírio-Libanês. Presto aqui minhas condolências a Lula e toda sua família e que a Dona Marisa agora descanse em paz nas mãos do Criador.
Algumas pessoas em redes sociais colocaram na conta do juiz Moro a morte da esposa de Lula. Entretanto, há de se ressaltar que as ações do juizeco provinciano (o qual no ano passado divulgou ilegalmente na mídia uma conversa da ex-primeira dama com seu filho onde ela demonstra indignação com os paneleiros. Tal áudio foi depois utilizado pela imprensa golpista de forma a constrangê-la e humilhá-la) em conluio com os veículos da grande imprensa nacional não criaram do nada magicamente os problemas de saúde que a Dona Marisa tinha. Ela já tinha tais problemas de saúde há 10 anos. Em outras palavras, a bomba já estava lá há algum tempo. Entretanto, para que uma bomba exploda, ela precisa ser acionada. E quem a acionou foi justamente as ações da República de Curitiba (obviamente em conluio com a grande imprensa) ao exercer tamanha pressão psicológica e emocional sobre ela e sua família. Também vi algumas pessoas em redes sociais ridicularizando as afirmações de que as investigações da República de Curitiba teriam levado a Dona Marisa para a cova. A essas pessoas, só lhes digo o seguinte: ponham-se no lugar do Lula e seus familiares. Por um acaso vocês acham que é brincadeira a pressão psicológica e emocional e todo o desgaste dele advindo que o conluio mídia de massa-República de Curitiba lhes infligiu acusando-lhes de tudo quanto é coisa frívola, perseguindo-lhes ferozmente e querendo a todo custo prender o Lula (vale ressaltar que o golpe, para sua consolidação, precisa que Lula seja preso ou então inabilitado de disputar as eleições 2018), com direito a seus nomes aparecendo nos jornais praticamente que o tempo envolvido em escândalos esdrúxulos? Não se esqueçam de que foi sob uma pressão desse tipo que Getúlio Vargas se matou em 1954.
Aproveito esse momento não só para deixar minhas condolências a família Lula, mas também para falar a respeito de certo personagem (o qual com o poder e o prestígio que tem agora não vai parar por aí) e sua real face. Na semana retrasada, tive uma discussão no Facebook com alguns indivíduos, que postaram uma notícia a respeito do recente discurso da presidente deposta Dilma Rousseff na Espanha. Lá eu disse que o juiz Moro não é flor que se cheire, e um deles me perguntou se eu pertencia a alguma quadrilha criminosa ou coisa do tipo por ter dito aquilo. Outro disse que o juiz Sérgio Moro, por supostamente ser um herói que combate o flagelo da corrupção no Brasil, não pode ser criticado. Ou seja, fui apedrejado verbalmente por esses indivíduos só por ter ousado criticar o juizeco de Maringá (e ainda bloqueado por um deles).
Mais uma vez estou usando o espaço do blog para lavar roupa suja de discussões de fóruns e redes sociais. Como dito em um artigo anterior, não acho que aqui seja o espaço adequado para tal, mas levando em consideração a veneração que o juiz paranaense tem entre parte significativa da população brasileira e vendo o grau de bovinidade da população quanto a isso (que se manifesta, por exemplo, nas manifestações de rua verde-amarelas em que eles prestam apoio ao juizeco), resolvi tratar disso no presente artigo. Por várias razões o juiz Moro, ao contrário do que a boiada pensada, não é o herói e o paladino que eles pensam que é. E por que não é? Abaixo serão listadas algumas razões pelas quais essa imagem que se criou em torno dele e da Operação Lava Jato não passa de uma farsa, uma ideologia barata criada pelos grandes meios de comunicação como a Rede Globo e a Revista Veja. Esse artigo é destinado especialmente a você, plebeu, que apoia de forma incondicional as ações do juiz Moro, Dallagnol e companhia limitada e que fica jogando confete para ele em manifestações de rua e em redes sociais, para lhe mostrar o que você está apoiando com isso e a que está levando.

Foto – Marisa Letícia Lula da Silva (1950 – 2017).
Caráter de classe elitista da justiça brasileira – Para começo de conversa, a justiça brasileira possui um caráter de classe elitista muito forte. A boiada, do alto de sua mediocridade, pensa que gente como Moro, Dallagnol e companhia limitada são como se fossem paladinos da justiça e da moralidade e que legislam pelo bem comum da sociedade brasileira de forma abnegada. Nada mais falsa tal imagem. Gente como Moro, Dallagnol e companhia limitada acima de tudo defendem os interesses de classe de sua categoria e legislam em favor da classe dominante. Ou seja, a justiça que eles exercem está muito mais voltada para atender aos interesses de FIESP, FEBRABAN, Itaú, Santander e bancada ruralista que aos favelados do Rio de Janeiro ou os retirantes nordestinos. Ou será que é por um mero acaso que o Maluf dizia “eu confio na justiça brasileira”? Pois se há algo que a Operação Lava Jato escancarou ao Brasil a respeito do judiciário é justamente tal fato.
Para uma pessoa poder se tornar juiz aqui no Brasil, o indivíduo precisa, além de fazer um concurso público e estudar direito durante muitos anos em uma faculdade de magistratura, fazer uma entrevista pessoal onde tem grande peso fatores como o fato de a pessoa pertencer a uma família tradicional e ter amizades com autoridades constituídas do status quo vigente, entre elas políticos tradicionais e grandes empresários. Isso para não falar do fato de que não existem eleições para a ocupação de cargos dentro do Judiciário. Tudo isso visando à perpetuação ad eternum do status quo privilegiado da classe dominante nacional.
Segundo matéria do site DCM a respeito das raízes familiares do juiz Moro, filho de professores reacionários de Maringá, só foi andar de ônibus pela primeira vez aos 18 anos e até próximo aos 30 anos não sabia o que era um pobre. Seu pai, Dalton Áureo Moro (falecido em 2005), teria sido segundo a mesma matéria ocupado um cargo público nomeado por políticos da ARENA (o partido de sustentação ao Regime Civil-Militar), era frequentador do Country Club da cidade (clube de elite onde o título hoje custa cerca de R$ 30 mil) e um dos fundadores do núcleo tucano de Maringá. Em 2002, Dalton Moro teria ido a uma locadora de Maringá e ao saber que seu dono ia votar no Lula no pleito presidencial daquele ano, disse que nunca mais entraria naquele estabelecimento por causa de sua opção política. Ou seja, o background social e ideológico perfeito para ser aceito como juiz pela elite brasileira.
Vida nababesca – A coxinhada gosta de falar que Lula, Dona Marisa, Dilma e outros petistas (e que a mídia de massa vive reverberando periodicamente) desfrutaram de supostas mordomias enquanto estiveram no poder, a tal ponto que nas redes sociais alguns desses elementos que torceram pela morte da ex-primeira dama do Brasil após a notícia que ela teve um AVC tem que se tratar no SUS. Mas e o paladino deles, cuja categoria é notória por seus salários altíssimos, geralmente muito acima do salário da maioria da plebe do país e levar uma vida cheia de mordomias, como fica? Segundo dados do site TRF4, em janeiro último o juiz Moro recebeu no total a quantia de R$ 61.056,61, e em dezembro do ano passado R$ 102.151,58. Ou seja, ele é um parasita que vive à custa do Estado Brasileiro.
O Brasil possui uma das justiças mais caras do mundo (para além de ineficaz, classista e partidária até a medula), que anualmente consome cerca de 2% de todo o orçamento da União (isso ao mesmo tempo em que o Bolsa Família só consume 0,47% e as Forças Armadas 1,40% do mesmo orçamento). Também é comum juízes ganharem salários acima do teto permitido por lei, que é de R$ 33.763,00. Uma breve pesquisa no TRF4 mostra bem isso.
Caso Banestado – O Caso Banestado foi um caso que envolveu o envio ilegal de US$ 124 bilhões para o exterior por meio do sistema financeiro público brasileiro na segunda metade dos anos 1990. Em 2003 foi feita uma investigação federal, seguido da instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
E sabem quem foi o juiz desse caso? Sérgio Fernando Moro. E sabem quem era o doleiro desse caso? O mesmo Alberto Yousseff que se encontra sob a mira da República de Curitiba. Entretanto, tal caso não teve a mesma repercussão que o Petrolão teve. Apurou-se que cerca de US$ 124 bilhões foram enviados e depois lavados no exterior e que estiveram envolvidas grandes empresas como a Rede Globo e políticos de alto escalão (entre eles tucanos de alta plumagem). Entretanto, as investigações desse caso terminaram em pizza. Ou seja, deram em nada. Como sempre acontece em casos de corrupção tupiniquins, se jogou pesado contra laranjas e apenas bodes expiatórios foram presos. Mas os chefões do esquema não foram pegos. Tucanos e aliados foram denunciados pelo procurador Celso Três e pelo delegado José Castilho, que por sua vez se deram mal, tiveram suas carreiras encerradas e desde então se tornaram críticos das instituições em que trabalham. Esse foi o primeiro grande caso que esteve nas mãos de Moro.
Partidarismo – Se há algo que o juiz Moro demonstrou ao longo das investigações da Operação Lava Jato é que ele é um sujeito extremamente partidário. Haja vista que ele, ao mesmo tempo em que persegue ferozmente os petistas e seus aliados, passa a mão na cabeça dos tucanos deletados, alguns deles de alta plumagem (entre eles José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves e Geraldo Alckmin). Além disso, ele já deu palestras para João Dória, o atual prefeito de São Paulo. No que o torna em nada mais que um político togado.

Foto – Moro e Dória.
A própria família de Moro, diga-se de passagem, possui estreitas ligações com o tucanato (o qual é o partido favorito da maioria esmagadora dos juízes e magistrados do Brasil). O seu pai, como dito no primeiro item, teria sido um dos fundadores do núcleo tucano de Maringá. Sua esposa, por sua vez, segundo matéria originalmente publicada em 2014 no i9, é assessoria jurídica de Flávio José Arns (o vice do governador do Paraná, o tucano Beto Richa e sobrinha de Zilda Arns e Dom Paulo Evaristo Arns) e é membra do escritório de Advocacia Zucolotto Associados de Maringá, o qual defende várias empresas do ramo petrolífero (entre elas a INGRAX e a Helix da Shell Oil Company [subsidiária nos EUA da Royal Dutch Shell, multinacional petrolífera de origem anglo-holandesa, uma das maiores do ramo no mundo e uma das principais concorrentes de mercado da Petrobrás] e do ramo de farmácias e clínicas médicas). Ou seja, ela é ligada a uma das principais concorrentes de mercado da Petrobrás. Além disso, seu irmão César é igualmente raivosamente anti-petista.
O surgimento da Operação Lava Jato – Segundo o jornalista Pepe Escobar, a operação Lava Jato começou da seguinte forma: os EUA precisavam escolher uma parte do sistema judiciário brasileiro para que pudesse se acomodar a seus interesses, e assim escolheram o juiz Moro, que já tinha trabalhado no Departamento de Estado dos EUA anos antes e que já estava em sua lista de contatos, para iniciar tal operação. De um dia para outro, caíram nas mãos do juizeco paranaense uma quantidade gigantesca de informações obtidas sobre tudo o que acontecia nos altos escalões da Petrobrás. De onde veio essas informações? Por meio dos dados obtidos por meio da espionagem feita pela NSA (National Security Administration) sobre a Petrobrás (que como todos nós sabemos existe todo um interesse dos grandes conglomerados petrolíferos internacionais em se apoderar do pré-sal). Tal espionagem, que também se estendeu ao governo brasileiro, foi denunciada por Edward Snowden e pelo Wikileaks, mas não teve a devida atenção da parte da presidente Dilma (a qual teve seu celular espionado na época). Um de seus informantes era um sujeito que fazia mercado negro de dólar, que era a cobertura dessa operação toda. Assim teve início a Operação Lava Jato, cujo objetivo inicial era supostamente desmontar uma “célula criminosa” dentro da empresa estatal. Acompanhado de vários procuradores regionais e alguns outros nacionais, identificaram suspeitos dentro da Petrobrás e fizeram toda uma ligação entre Petrobrás e várias empreiteiras. E assim a Operação Lava Jato deu seus primeiros passos, ainda em 2014.
Ilegalidades – Por muitos juristas, o juiz Moro cometeu uma série de ilegalidades no curso de suas investigações, e a mais notória delas foi a divulgação na imprensa de conversas telefônicas entre Lula e Dilma. Posteriormente, ele, que vive falando que os Estados Unidos são um exemplo a ser seguido pelo Brasil, foi questionado pelo deputado petista do Rio Grande do Sul Paulo Pimenta, que lhe perguntou o que aconteceria com um juiz de primeira instância de um Estado dos Estados Unidos caso divulgasse na imprensa uma conversa telefônica por ele captada entre Bill Clinton e Barack Obama ou de uma condução coercitiva como a feita contra Lula para gerar manchetes na mídia de massa. Diante dos questionamentos de Paulo Pimenta, o juizeco de Maringá se esquivou de respondê-lo. Também fez o mesmo com a já citada conversa entre Marisa Letícia e seu filho onde ela se indigna diante dos paneleiros.
O que ele tem feito contra Lula e sua família é algo que alguns especialistas chamam de lawfare. Law em inglês significa lei, e fare vem de warfare, que significa guerra, estado de guerra. Em outras palavras, lawfare consiste do uso de dispositivos legais para atingir um determinado alvo político, e tudo isso com um verniz de legalidade para justificar tal ato perante a população acompanhado de ampla cobertura da imprensa, de forma a constranger o inimigo diante das acusações (por mais fajutas, ridículas e sem provas que sejam). Procedimento semelhante tem sido feito na Argentina contra Cristina Kirchner e no Paraguai contra Fernando Lugo, os quais tal como Lula aqui no Brasil despontam como líderes em intenções de votos em pesquisas eleitorais.
Vende-Pátria – Segundo documentos do Wikileaks, o juiz Sérgio Moro, junto com outros de seus colegas da Operação Lava Jato, participou do seminário “Projeto Pontes: construindo pontes para a aplicação da lei no Brasil”, realizado no Rio de Janeiro em outubro de 2009, que contou com a presença de membros seletos da Polícia Federal, Judiciário, Ministério Público e autoridades norte-americanas. Juízes e promotores federais de todos os estados brasileiros, além de 50 policiais federais, participaram desse seminário, que também contou com participantes do México, Costa Rica, Panamá, Argentina, Uruguai e Paraguai. Tal seminário buscava consolidar treinamento bilateral de aplicação das leis e habilidades práticas de contraterrorismo. O que mostra as ligações de Moro, Dallagnol e companhia limitada com o imperialismo das nações hegemônicas. Algo que deveria ser posto a escrutínio público.
Isso para não falar do caso do almirante Othon Pinheiro da Costa, o pai do programa nuclear brasileiro e em 2005 assumiu a presidência da Eletronuclear. Em sua gestão, as obras da usina Angra 3, que estiveram paralisadas por 23 anos, foram retomadas. Até que em abril de 2015 foi afastado de seu cargo depois que apareceram denúncias de pagamento de propina a dirigentes da empresa e preso em 28 de julho por causa das investigações da Operação Lava Jato, voltando a ser preso novamente pela PF em seis de julho de 2016. Por causa disso recebeu 43 anos de prisão por decisão de Marcelo Bretas (o qual foi descrito por Osvaldo Bertolino como “cópia piorada de Sérgio Moro”), juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Com tal pena ele, que já tem 77 anos de idade, só sairá de lá aos 120 anos. Ou seja, quando já estiver morto. Ele, que, além disso, também teve sua filha condenada a uma pena de 14 anos. Não duvido nem um pouco que Moro e sua trupe, levando em consideração suas ligações com o imperialismo e o que tem feito desde que Operação Lava Jato teve início, fariam o mesmo com Bautista Vidal, o pai do pró-Álcool e falecido desde 2013, caso ainda estivesse vivo.

Foto – Othon Pinheiro da Costa, o pai do programa nuclear brasileiro.
A crise na engenharia brasileira – Moro e seu séquito se gabam de terem recuperado aos cofres da nação cerca de R$ 2 bilhões. Entretanto, suas ações ao mesmo tempo causaram um dano na economia brasileira muito maior, avaliado em cerca de R$ 140 bilhões, como mostra o documentário do You Tube “Destruição a Jato”. Ou seja, um saldo negativo de R$ 138 bilhões. E isso para não falar do desemprego causado pelas ações de Moro e companhia limitada por causa da interrupção de empreendimentos, alguns deles em estágio avançado de execução, tais como as obras do COMPERJ, Angra III, o submarino a propulsão nuclear, a refinaria Abreu e Lima no Nordeste, o estaleiro Enseada do Paraguaçu em Maragogipe na Bahia (que em fevereiro de 2015 tinha mais de 80% de suas instalações concluídas e que em seu ápice chegou a empregar 4000 operários), o estaleiro Mauá em Angra dos Reis no Rio de Janeiro (o qual teve que demitir 2500 operários de suas obras) e outras tantas. Por causa das ações do juiz Moro e sua gangue, a engenharia brasileira se encontra sob uma forte crise devido às paralisações decorrentes dos processos jurídicos a que estão respondendo, e assim são demitidos milhares de profissionais (principalmente engenheiros) e obras são suspensas. Calcula-se que os processos das Operações Lava Jato e Zelotes geraram cerca de um milhão de desempregados (sendo 140 mil deles na construção civil, mais de 170 mil na Petrobrás e cerca de 50 mil na Odebrecht[1]), segundo matéria do Estadão.
Ou seja, as vidas de milhões de pessoas foram afetadas pelas as ações de Moro, Dallagnol e companhia limitada. E com isso se segue um grande desmonte da infraestrutura econômica brasileira, levando adiante assim o sonho de Fernando Henrique Cardoso quando disse que queria enterrar com a Era Vargas. E, após o fim do desmonte, ocorrerá aqui no Brasil o mesmo que aconteceu no Iraque após a queda de Saddam Hussein e na Líbia após a queda de Muammar al-Kadaffi: multinacionais como a Halliburton ocuparão o espaço antes ocupado pela Odebrecht e outras empresas da engenharia nacional, no que implicará uma transnacionalização ainda maior da economia brasileira (segundo o documentário “Destruição a Jato”, empresas chinesas já estão ocupando o espaço antes ocupado pelas empreiteiras nacionais no Brasil e na América Latina). E o mais trágico de tudo é que enquanto que empresas como a Halliburton tiveram que recorrer a invasões militares para meter a mão na infraestrutura do Iraque e da Líbia, aqui no Brasil foi preciso apenas a ação de um judiciário vendido a interesses internacionais em conluio com a mídia de massa, igualmente vendida a interesses internacionais.
Moro e seus sequazes gostam muito de citar os Estados Unidos como um exemplo de país a ser seguido pelo Brasil. E aí eu pergunto será que lá, na Alemanha ou no Japão seria permitido a ele fazer o que tem feito com empresas como a Odebrecht, Andrade Gutierrez, Engevix e outras (ou seja, investigar os corruptos, prendê-los e em seguida fazer tábua rasa das empresas, reduzindo-as a escombros)? A resposta para essa pergunta é não. Se o dirigente de uma empresa como a Wolkswagen, a Mercedes Benz, a Halliburton, a Mitsubishi ou a General Motors é indiciado e preso por causa de alguma falcatrua, apenas ele é preso, ao passo que o corpo e o conjunto da empresa, como uma entidade que gera tecnologias, divisas e empregos para o país, é mantida intacta. É o que foi feito na Alemanha no pós-guerra com algumas empresas que estiveram envolvidas com o regime hitlerista. Como foi o caso da indústria química IG Farben, que no pós-guerra ao invés de ser dissolvida foi dividida em quatro firmas: Henkel, Hoechst, Bayer e a Basf. Caso ele resolvesse fazer o que faz com a Odebrecht com alguma grande empresa da Alemanha, dos EUA ou do Japão, certamente teria suas asinhas cortadas e seria exonerado de suas funções, no mínimo. Pelo visto, ele, Dallagnol e companhia passam suas temporadas de estudos nos Estados Unidos e depois de um voltam abobados (se é que já não o eram antes) a respeito do que são os Estados Unidos e seu funcionamento, a tal ponto de o fundamentalista religioso Dallagnol ter dito uma vez que a diferença de desenvolvimento entre Brasil e Estados Unidos se deu por causa do fator religioso dos colonos que povoaram os dois países durante o período colonial (assim não levando em consideração, por exemplo, o fato de que os EUA, desde que se tornou independente da Inglaterra, sempre praticou um forte protecionismo de seu mercado interno).
Mãos Limpas – Em 2004, o juiz Moro escreveu um artigo de sete páginas a respeito da Operação Mãos Limpas (em italiano Mani Puliti), ocorrida na Itália nos anos 1990. Essa operação policial é a grande inspiração da Lava Jato. E qual foi o resultado prático dessa operação policial, que em dois anos expediu 2993 mandados de prisão e colocou 6059 pessoas sob investigação? Economicamente, foi desastrosa para a Itália, já que fez uma devassa em empresas nacionais e ao mesmo tempo não tocou em multinacionais. E hoje vemos a Itália como sendo um dos países periféricos da União Européia que periodicamente se encontram sob situação de crise econômica e submetidos às políticas de austeridade impostas pela Alemanha. A tal ponto que hoje em dia o país peninsular, junto com Espanha, Portugal, Irlanda e Grécia, faz parte daquilo que a imprensa anglófona chama de PIIGS, como uma referência ao péssimo desempenho econômico dos cinco países desse grupo, cujas economias foram consideradas particularmente vulneráveis por causa do alto endividamento e do alto déficit público em relação ao PIB. E politicamente, abriu o caminho para Silvio Berlusconi se tornar o poderoso chefão da Itália, na medida em que enfraqueceu as principais forças políticas do país que lhe poderiam fazer frente em termos eleitorais. E de cereja do bolo, segundo artigo publicado no Esquerda Diário, os procuradores de lá também tinham seus contatos com magistrados norte-americanos.
Conclusão
Esse é um momento em que o vulcão da luta de classes que permeia a sociedade brasileira desde os primórdios de sua história está mais ativo que nunca, expelindo lava para tudo quanto é canto (vulcão esse que até os eventos de junho de 2013 estava adormecido). A idolatria que os coxinhas tem para com o juiz Moro nada mais é que uma manifestação disso, a tal ponto de tratá-lo como se fossem um herói de moral ilibada. É uma imagem que os grandes veículos de comunicação nacionais criaram em torno dele e que é tão verdadeira quanto uma nota de 1000 reais. Mas, como visto nos casos das obras citadas no penúltimo item, ele e sua equipe não tiveram a menor consideração pelos empregos daqueles que trabalhavam em empresas como a Odebrecht e a Camargo Correa e que estavam empregadas em várias obras. E que certamente não terá a menor clemência na hora em que ele resolver investigar o teu empregador por supostamente receber alguma propina do Marcelo Odebrecht ou do Eike Batista. Vai passar o lança-chamas na empresa onde você trabalha, a reduzirá a cinzas e você ficará sem teu ganha-pão diário tal qual tem feito com a Odebrecht. E se ele pinta e borda em cima do Marcelo Odebrecht, do Othon Pinheiro da Silva e do Eike Batista, o que dirá do teu empregador caso ele resolva investigá-lo? Na certa o olho da rua o aguarda.
E, se o juiz Moro faz o que faz para cima do Lula, da Dona Marisa e outros petistas, o que dirá de você, pobre mortal, quando resolver te mover alguma ação penal ou judicial? Acha que o juiz Moro, Dallagnol e companhia limitada terão clemência de você, que tanto jogou confete para eles em manifestações de rua, que tanto inflou bonecos do Lula e da Dilma com roupa de presidiário e colocou adesivos em seu carro dizendo que apoia a autonomia da Polícia Federal? Não, você, que no fim não passou de massa de manobra dele e dos grandes meios de comunicação, não terá clemência alguma. Não terão pudor algum em te colocar na prisão por 30 anos ou mais e sentirá na pele o mesmo que o Lula e a família dele, o Othon Pinheiro da Costa, o José Dirceu e tantos outros sentiram diante do lawfare deles. Além disso, você acha que ele, do alto de suas mordomias, constantes idas aos EUA e vida nababesca regada a salários muito acima do teto permitido por lei, se importa de verdade com você? Ele, que é um sujeito reacionário até a medula e que mal sabia o que era pobre até próximo dos 30 anos de idade? Não, ele está nem aí para você. Ele é uma pessoa que vive em sua redoma particular, isolado totalmente do mundo em que você vive. Ele está pouco se lixando se você está desempregado ou não, ou qualquer outro problema que o flagele. Até por que isso não é problema dele.
Ou seja: vocês, ao jogar confetes para esses juízes e promotores e pedindo impeachment da Dilma, Lula na cadeia, morte a Dona Marisa e fora PT, estão é chocando o ovo da serpente que mais cedo ou mais tarde irá lhes picar. E essas picadas serão recheadas do mais letal veneno, cujo sabor será o mais amargo possível. Apenas lhes peço uma coisa: acordem para a realidade antes que seja tarde demais. Caso contrário, a Ditadura do Judiciário, que Ruy Barbosa classificou como a pior ditadura existente, lhe aguarda ali na esquina. E antes que o Brasil, que antes da Lava Jato começar passava por um momento de otimismo econômico, se torne economicamente a Itália latino-americana.

Foto – A frase atribuída a Ruy Barbosa sobre a ditadura do judiciário.
Fontes:
A justiça mais cara do mundo. Disponível em: http://oglobo.globo.com/opiniao/a-justica-mais-cara-do-mundo-19689169
A Lava Jato destrói empresas nacionais e desemprega milhões! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wPqMlVmrlG4
A verdade sobre a Operação Lava Jato. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PifSN8mVMh4
Bandeira de Mello: morte de Marisa foi só celebrada pela escória humana. Disponível em: http://www.brasil247.com/pt/247/sp247/278579/Bandeira-de-Mello-morte-de-Marisa-s%C3%B3-foi-celebrada-pela-esc%C3%B3ria-humana.htm
Banestado: ali começou o “não vem ao caso”. Disponível em: https://www.conversaafiada.com.br/politica/banestado-ali-comecou-o-nao-vem-ao-caso
Como foi a Operação italiana que teria inspirado a “Lava Jato”? Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/11/141115_maos_limpas_italia_ru
Documentário: “Destruição a Jato”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=o_c_-9uso4c
Empresas investigadas na Lava Jato e Zelotes equivalem a 14% do PIB. Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,empresas-investigadas-na-lava-jato-e-zelotes-equivalem-a-14-do-pib,10000057996
Engenheira brasileira vive a maior crise. Disponível em: https://www.conversaafiada.com.br/economia/engenharia-brasileira-vive-a-maior-crise
Escândalo do Banestado. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Esc%C3%A2ndalo_do_Banestado
Judiciário, reacionário por sua própria natureza. Disponível em: http://causaoperaria.org.br/judiciario-reacionario-por-sua-propria-natureza/
Juízes estaduais e promotores: eles ganham 23 vezes mais do que você. Disponível em: http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/06/juizes-estaduais-e-promotores-eles-ganham-23-vezes-mais-do-que-voce.html
Justiça condena ex-presidente da Eletronuclear a 43 anos de prisão. Disponível em: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,justica-condena-ex-presidente-da-eletronuclear-a-43-anos-de-prisao,10000066863
Lawfare à brasileira. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=x9HkUSSABms
Lista com salários de juízes e desembargadores cai na net e causa indignação. Disponível em: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/lista-com-salario-de-juizes-e-desembargadores-cai-na-internet-e-causa-indignacao/
Mãos Limpas quebrou a Itália, Lava Jato quebrou o Brasil. Disponível em: http://www.dm.com.br/geral/2015/04/maos-limpas-quebrou-a-italia-lava-jato-quebra-o-brasil.html
Moro aos questionamentos de Paulo Pimenta: “não vou comentar”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TlNC5RFmLew
O plano “Mãos Limpas” de Sérgio Moro e os interesses dos EUA. Disponível em: http://esquerdadiario.com.br/spip.php?page=gacetilla-articulo&id_article=11749
Pessoas torcem pela morte de Dona Marisa após AVC. Disponível em: https://conexaopol.blogspot.com.br/2017/01/pessoas-torcem-pela-morte-de-dona.html
Quanta coincidência! Quem julga o julgador? Disponível em: https://theotoniodossantos.blogspot.com.br/2016/03/quanta-coincidencia-quem-julga-o.html
Sérgio Moro e Marcelo Bretas, comportando-se como crianças, comandam jogo mortal para o Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PW4E-5dp_io
TRF4 – Acesso à Informação – Consulta Remuneração. Disponível em: http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=contracheque_transparencia#
Wikileaks: EUA criou curso para treinar Moro e outros juízes. Disponível em: http://www.esquerdadiario.com.br/Wikileaks-EUA-criou-curso-para-treinar-Moro-e-juristas
Wikileaks vaza bilhete sobre cooperação entre Sérgio Moro e EUA. Disponível em: http://www.ocafezinho.com/2016/03/23/wikileaks-vaza-bilhete-sobre-cooperacao-entre-sergio-moro-e-eua/



NOTA:

[1] Leia-se “Odebrerrt”, pois no alemão (o sobrenome Odebrecht é de origem germânica) a partícula ch tem o mesmo do j no espanhol, do kh no russo e do h no inglês e no húngaro: r aspirado.

Um comentário:

  1. Excelente texto! Que sirva de exemplo e reflexão a essa coxinhada medíocre e imbecil. E já que você citou nesse texto a Operação Mãos Limpas, levada a cabo na Itália, nos anos 90, vale lembrar que, enquanto tal operação estava em andamento, o juiz Giovanni Falconi, equivalente ao Sérgio Moro por lá, foi misteriosamente assassinado. E outra: cadê que o Falconi, à época, conseguiu pegar os tubarões das máfias siciliana e calabresa, as mais perigosas do país?

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