sábado, 30 de abril de 2016

A real natureza político-ideológica de Jair Bolsonaro.


Foto – Eduardo Bolsonaro (esquerda) e Jair Bolsonaro (direita).
Enquanto navegava no Facebook recentemente, deparo-me com a foto acima (montagem óbvia), postada pelo usuário Hélio Fernandes, em que Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo aparecem com a suástica nazista estampada em suas camisas. O político carioca, devido a sua truculência e defesa do regime civil-militar advindo do golpe de 1964, é comumente visto por seus detratores como fascista e/ou nazista. Já chegou até a ser a comparado ao ditador austro-alemão Adolf Hitler. Mas será que esse rótulo, do ponto de vista conceitual, quando aplicado ao político que outrora fazia parte do PP (Partido Progressista) e hoje membro do PSC (Partido Social Cristão), faz sentido ou em realidade não passa de um espantalho, um equívoco, uma ideia errônea?
Falar que Bolsonaro é um fascista implica em dizer que ele é partidário daquilo que Aleksandr Dugin[1] chama de Terceira Teoria Política. Pelo visto, seus detratores andam fazendo uma leitura errada e equivocada do político do PSC. Jair Bolsonaro, assim como seus filhos, em realidade é um político conservador que, a despeito de sua truculência e de seu raivoso discurso anti-esquerdista, defende o sistema da democracia liberal burguesa vigente no Ocidente. Haja vista que em muitos de seus discursos na Câmara dos Deputados ele exalta as características democráticas do regime civil-militar brasileiro. Em vários pronunciamentos na Câmara dos Deputados, ele alegou que a democracia brasileira se encontra sob uma suposta ameaça vinda do Partido dos Trabalhadores, o qual supostamente queria implantar uma ditadura comunista no Brasil. Em outro pronunciamento, ele chega a questionar o caráter ditatorial do regime em questão, se perguntando “que ditadura é essa que tinha partido?”, referindo-se ao fato de que na época haviam dois partidos que dividiam o bolo republicano brasileiro, a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro; o mesmo que anos depois deu origem ao PMDB). Também já fez várias críticas à política externa que o Brasil tem adotado desde 2003, criticando as relações com países como Irã, Cuba e Venezuela por esses países serem supostamente ditatoriais (ao ponto de ter dito em um discurso de 2011 que Lula nos anos 1980 teria supostamente recebido dinheiro do finado líder líbio Muammar al-Kadaffi para fundar o PT). Pelo que suas falas sugerem, o foco ideal da política externa brasileira deveria ser os países do dito “mundo livre e democrático” (ou seja, Estados Unidos, União Europeia, Israel e Japão). Países essas que, por sua vez, não tem o menor pudor em se relacionar com as mais abjetas ditaduras mundo afora (a exemplo das petro-monarquias do Golfo Pérsico, onde qualquer um que não é muçulmano sunita sofre brutais perseguições, e o atual regime ucraniano, o qual assumiu o poder em um infame golpe de estado e desde então promove uma guerra genocida no Donbass contra os russos étnicos locais) e os mais abjetos grupos terroristas (a exemplo do Exército de Libertação de Kosovo, a Al Qaeda e do Estado Islâmico). Além de através de seus pronunciamentos promover todo um revisionismo a respeito do período do regime civil-militar brasileiro, a ponto de dizer que, devido ao que ele chama de clamor da população (que em realidade tratava-se do clamor das elites dominantes temerosas de verem o fim de seus privilégios, além do terrorismo midiático promovido pelos grandes veículos de comunicação da época), não houve um golpe em 1964, e sim revolução.
Para ser mais exato, Bolsonaro é a face truculenta e raivosa do espírito do movimento constitucionalista de 1932 (sobre o qual tratamos em um artigo anterior). Esse mesmo movimento, cujo epicentro foi o estado de São Paulo e que, sob a alegação de que o país precisava de uma nova constituição e novas eleições presidenciais, foi uma tentativa da oligarquia cafeeira que até então reinava no país retomar o poder depois de ter sido desalojada por Getúlio Vargas e a Revolução de 1930, foi citado por seu filho Eduardo em seu discurso favorável ao impeachment de Dilma. Para sua sobrevivência e manutenção de seu status quo, o sistema que aí está precisa tanto de uma figura como Fernando Henrique Cardoso quanto de uma figura como Jair Bolsonaro. Do primeiro precisa em tempos de paz social, e do segundo em uma situação em que sua sobrevivência está ameaçada. E nisso suas falas encontram eco em muita gente principalmente da classe média para cima que nunca tiveram simpatia pelos governos petistas, assim como daqueles que se encontram desiludidos com o PSDB, por muitos visto como um partido que faz uma oposição de mentira e frouxa ao PT.
Já o fascismo do tempo de Mussolini e o nazismo do tempo de Hitler não tinham o mesmo apreço pelo mesmo sistema liberal burguês que Bolsonaro e seus filhos apoiam. Muito pelo contrário, o abominavam profundamente. Além disso, ambos eram avessos ao conservadorismo tradicional (do qual o político carioca é favorável), eram nacionalistas e tinham propostas nacionalizantes de fortalecimento do Estado (ainda que de forma não comunista) e de mudança revolucionária da sociedade. Ao passo que Bolsonaro, a despeito do que seus discursos transparecem de nacionalista nada tem. Haja vista que hoje em dia ele defende a diminuição da interferência estatal na economia e até mesmo a privatização da Petrobrás. E, bem diferente do falecido Enéas, ele em momento demonstra interesse por questões de importância visceral para o país como a questão da regulação da grande mídia, reforma agrária, reversão da privataria[2] das eras Collor e FHC e o saqueio do país pelo grande capital multinacional e seus lacaios locais e a escravização do país através das altas taxas de juros com que se pagam o serviço da dívida pública (ou seja, aquilo que Brizola em vida chamava de “perdas internacionais”). Por essas e outras que Adriano Benayon, ex-integrante do PRONA (Partido da Reedificação da Ordem Nacional Administrativa), disse não ser ter simpatia pela atuação política de Bolsonaro, definindo-a como “populismo para adeptos da direita, bitolados pelo anticomunismo”. E, além disso, Bolsonaro em momento algum se mostra simpático ao fascismo, ao nazismo ou qualquer outra ideologia política advinda da Terceira Teoria Política.
Portanto, chamar Jair Bolsonaro de fascista e/ou nazista é tão ou mais impróprio quanto chamar Lula e o PT de comunista e/ou bolivariano (assunto esse que anteriormente foi abordado e esmiuçado no artigo a respeito do ataque a Dom Odilo Scherer). Ideologicamente falando, Bolsonaro está muito mais próximo dos Republicanos norte-americanos que dos fascistas do tempo de Mussolini e dos nazistas do tempo de Hitler. Assim como os Republicanos nos Estados Unidos, Bolsonaro é um conservador nos campos social e político e ao mesmo tempo um liberal no campo econômico. Ou seja, alguém que advoga aquilo que nós chamamos de “a direita dos valores sem a esquerda do trabalho”, parafraseando Alain Soral. Ou seja, é contra a degradação moral dos dias de hoje, mas ao mesmo tempo fecha os olhos para o terreno onde ela se desenvolve. Ataca o artista ou o universitário maconhista e/ou o abortista, mas fecha o olho para os grandes capitalistas que promovem essas coisas por trás das cortinas. De acordo com Aleksandr Dugin, o conservador liberal é um sujeito que diz amém às mudanças liberais e o avanço do mundo moderno unipolar, mas de forma mais gradual, e que acredita nos preceitos liberais da modernidade e ao mesmo tempo acha que ainda é um pouco cedo para os preceitos da pós-modernidade (ou seja, não se opõe de fato à pós-modernidade). Assim sendo, o elefante republicano é um símbolo muito mais condizente ao político carioca que o fascio[3] fascista ou a suástica nazista. Porque da mesma forma com que o Partido Republicano não advoga nenhuma transformação revolucionária da sociedade norte-americana, Bolsonaro não advoga o mesmo em relação à sociedade tupiniquim. E, como todos nós sabemos, o Partido Republicano é, junto com o Partido Democrata, o principal partido da ordem burguesa nos Estados Unidos, tal como o PT e o PSDB aqui no Brasil, o Partido Social Democrata e a Democracia Cristã na Alemanha, o Movimento por uma União Popular e o Partido Socialista na França e os Trabalhistas e os Conservadores na Inglaterra, Trabalhistas, Democracia Cristã e Conservadores na Noruega, Partido Popular e Partido Socialista Operário Espanhol na Espanha, entre tantos outros exemplos que aqui podem ser listados.


Foto – O elefante republicano.
Mas, se Bolsonaro nada tem de fascista e/ou de nazista, por que será ele ganhou essa pecha da parte de seus detratores (em especial de setores militantes de esquerda)? Da mesma forma com que os termos comunista e bolivariano para a direita tacanha brasileira e o termo nazista para os sionistas viraram espantalhos retóricos e porretes linguísticos, para a esquerda, o fascismo ganhou o mesmo significado. Quando o termo fascismo vem à mente das pessoas, ele geralmente é associado com palavras como truculência e violência, assim como posturas reacionárias e refratárias a movimentos e governos populares. E é esse tipo de postura que Bolsonaro, que como todos nós sabemos é partidário do regime civil-militar brasileiro, que dá margem para ele ser taxado de fascista. Mas há uma diferença abissal entre ser truculento e refratário a governos de esquerda e movimentos populares (coisa que qualquer um pode ser, independente da ideologia que professa) e ser um fascista de fato, no verdadeiro sentido do termo.


Foto – Bolsonaro caricaturado com o uniforme nazista, uma suástica ao fundo e o bigode de Hitler.
Bolsonaro é acima de tudo um homem do sistema (o qual invariavelmente cortará as asas do político do PSC se um dia ele resolver começar a denunciar suas mazelas) que ai está, e nisso ele se iguala a figuras como Lula e FHC. Ele teve um crescimento significativo principalmente de 2010 para cá graças à retroalimentação que as propostas de gente como sua cara-metade político-ideológica Jean Wyllys (entre elas o kit gay nas escolas) e as polêmicas e farpas com outros políticos como a petista Maria do Rosário (notória defensora de criminosos) que apareceram na mídia propiciaram (a exemplo da entrevista concedida ao CQC em 2011, onde a cantora Preta Gil lhe perguntou se deixaria seus filhos namorarem uma negra. Bolsonaro, por sua vez, atrapalhou-se na hora de responder à filha de Gilberto Gil). Nada mais que isso. E, diga-se de passagem, figuras como ele e o pastor Marco Feliciano, para que existam e tenham expressão no cenário político, precisam de figuras como Jean Wyllys e Maria do Rosário, na medida em que um puxa votos para o outro e vice-versa, com o político do PSC se posando como o “defensor da moralidade ante a pouca vergonha que aí está” e o político do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e ex-BBB se posando de “defensor dos direitos das minorias ante a truculência dos fundamentalistas da direita”. Os dois lados em questão são como no taoísmo o Yin e o Yang[4], as duas faces do deus Janus[5] na mitologia romana e os personagens Piccolo e Kami Sama em Dragon Ball: dois elementos opostos entre si, mas que se completam um ao outro, ao ponto de um não existir sem o outro e vice-versa. Em outras palavras, formam uma unidade aparentemente contraditória.


Foto – PT nazi-fascista?
Como se não bastasse os imbecis que ficam falando que o PT é comunista e bolivariano, descubro navegando no Facebook a foto acima, em que o Partido de Lula e Dilma é rotulado de nazi-fascista, só pelo fato de ter uma sigla parecida com o partido de Hitler, Himmler, Goering e outros. Se a pecha de comunista é imprópria ao PT (haja vista, que entre outras coisas, o PT, além de nunca ter chamado o povo para luta alguma, esses anos todos nunca fez reforma agrária e que fez um governo muito mais voltado para os barões do agronegócio, os banqueiros [que tiveram lucros estratosféricos durante as eras Lula e Dilma] e os empresários da Avenida Paulista que para os famélicos depauperados de lugares como o sertão nordestino e as favelas do Rio de Janeiro), o que dirá a pecha de nazi-fascista, tendo em vista a suposta irmandade de que gente como o Olavo de Carvalho (vulgo Sidi Muhammad) falam que existe entre o comunismo e o nazi-fascismo. Mas, o PT fez algum ato nesse tempo todo tipicamente fascista ou que pareça fascista? Não. Como um partido que, para começo de conversa, nem ao menos regulou a mídia pode ser chamado de fascista? A única semelhança de programa de governo do PT com os fascistas do tempo de Mussolini é que Lula aqui no Brasil fez uma política de conciliação de classes similar a que Mussolini fez na Itália. É a direita raivosa brasileira se superando cada vez mais em sua tacanhice, imbecilidade e burrice (se bem que a esquerda não tem se mostrado lá muito diferente dessa mesma direita).


Foto – Bolsowyllys: as duas faces de Janus contrapostas entre si.
Fontes:
Arthur Lima – A quarta ideologia. Disponível em: http://legio-victrix.blogspot.com.br/2015/11/arthur-lima-quarta-ideologia.html
Bolsonaro = Adolf Hitler. Veja e tire as conclusões! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kxFCH5fN_O4
Bolsonaro, conexão Israel-EUA, entrega da base de Alcântara. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ehyDH0hFAbM
Bolsonaro contra os pervertidos? Será mesmo? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DgNEjgkHjgA
Bolsonaro “nacionalista?” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7lz7PX5tXw0
Eduardo Bolsonaro faz o discurso mais importante de sua vida. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=T8XOU4APMsc
Jair Bolsonaro, fala sobre a ditadura. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BELiTNClTYY
Lula foi à Líbia pegar dinheiro com Kadafi durante Regime Militar Brasileiro. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bkCaceFApUU
O Sentinela – Opinião do Professor Benayon sobre Jair Bolsonaro. Disponível em: https://www.facebook.com/permalink.php?id=249360728594507&story_fbid=428410840689494
Revolução de 1964 – Bolsonaro e o recuo do “Globo”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V2aIlzAqMqg
Privatización y Privatería (em espanhol). Disponível em:


NOTAS:

[1] Leia-se “Duguin”, pois no russo, assim como em idiomas como o alemão, o polonês, o mongol e o japonês, o som da partícula g (cirílico Г) não muda em função da vogal seguinte tal como nas línguas latinas e no inglês.
[2] O termo privataria é um neologismo que une as palavras privatização e pirataria. Foi criado pelo jornalista brasileiro Hélio Gaspari e popularizado pelo também jornalista Amaury Ribeiro (autor do livro “A Privataria Tucana”, sobre as falcatruas do processo de privatização no Brasil durante o governo Fernando Henrique Cardoso [1995 – 2002]).
[3] Leia-se “fachio”, pois no italiano a partícula sc quando sucedida por e ou i tem o mesmo valor do ch no português e no francês, do sh no russo, no inglês, no mongol e no mandarim, do sch no alemão, do s no húngaro, do sz no polonês, do š do servo-croata e outras línguas da Europa centro-oriental, entre outros.
[4] Leia-se “Yan”. No mandarim, assim como no francês, quando uma palavra termina em consoante, a última é sempre muda.
[5] Leia-se “Ianus”. No latim, assim como em idiomas como o alemão, o holandês, o húngaro, o polonês, o servo-croata, as línguas escandinavas e bálticas, o tcheco, o eslovaco e outros tantos, a partícula j tem valor de i.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Porta dos Fundos, PT e direita cristã: aliados no ataque ás religiões?

Figura 1 - Na foto, a representação de um humor cancerígeno

Por Lucas Novaes

Nos últimos anos, o Brasil foi palco de um enorme crescimento na produção de conteúdos originais promovidos principalmente por meio da plataforma de vídeos mais popular do mundo; o Youtube. Entre essas novidades, está o “Porta dos Fundos”, nome do canal mais famoso do país e também o com maior número de inscritos: mais de 11 milhões. Em média, seus vídeos atingem algo em torno de 1 milhão de visualizações por dia.

O Porta dos Fundos, que conta, entre seus fundadores, com Fábio Porchat e Gregório Duvivier, teve e ainda têm como principal característica o escárnio direcionado a diversos assuntos cotidianos, especialmente política e religião. Não há como negar que algumas produções do Porta são dotadas de um humor inteligente (especialmente quando comparado ao que é produzido em programas de canais de televisão abertos tais como o “A Praça é Nossa”, “Turma do Didi” e CQC). Entretanto, muitas vezes o que se vê no canal mais falado do Brasil é uma tentativa forçada e esdrúxula de escarnecer a crença alheia, geralmente fazendo gozação com figuras históricas dos credos religiosos, além de retratar fiéis como idiotas por seguirem determinados mandamentos da fé. O principal alvo de Porchat, Duvivier e & Cia Ltda é o Cristianismo (religião com maior número de adeptos neste país). Entretanto, os mesmos também já fizeram ataques ao Islão, principalmente no tocante a alguns dos traços culturais predominantes nas regiões em que a religião do profeta Maomé é predominante.

Somados esses conhecimentos ao fato de que, no tocante a política, os vídeos do Porta dos Fundos se caracterizam por conter fortes ataques aos mais diversos nomes e partidos políticos, chegamos à não tão surpreendente conclusão de que a parcela da população brasileira a qual os conteúdos artísticos de Fábio Porchat e seus amigos estão direcionados é limitada. Estamos falando aqui do típico cidadão das classes média e alta, habitante de grandes centros urbanos, com costumes secularizados e politicamente descrente ou apartidário. Essa parcela demográfica, fortemente influenciada pelo cosmopolitismo, não está tão preocupada ou não se importa com as zombarias feitas e encaminhadas às crenças religiosas da população em geral. É um alvo fácil na mira desse modo de entretenimento.

O estilo de humor difundido pelo Porta dos Fundos, longe de qualquer genialidade, assemelha-se à um tipo que também é popular no Ocidente e afiliados. Essa comparação inclui o jornal satírico francês Charlie Hebdo, conhecido por suas críticas aos diversos graus de “extremismo político e religioso” e que teve sua sede ataca por muçulmanos cansados de testemunhar seus credos serem ridicularizados em nome do lucro e da “liberdade de expressão”. Os produtores de tais vídeos cancerígenos afirmam estar construindo um humor crítico, em favor da tolerância e democrático. Em verdade, são representados de um ataque às civilizações e seus valores culturais em favor de um vazio existencial moderno que aspira a normalidade. Qualquer adepto de uma ortodoxia religiosa ou ideologia política que considera suas convicções pessoais como sendo de grande importância para sua vida é visto com desprezo por essa nova “elite humorística”.

APOIO PETISTA FAZ SENTIDO?

Um dos acontecimentos mais comentados e discutidos deste mês de abril foi o vídeo intitulado “Delação”, publicado no Porta e que trata sobre a hipocrisia dos órgãos de investigação brasileiros no tocante a sua perseguição seletiva à corrupção dos políticos. O foco prioritário direcionado aos envolvidos do Partido dos Trabalhadores e que, muitas vezes, vem acompanhado de uma preocupação baixíssima para com os escândalos dos outros partidos (leia-se PSDB e PMDB) é um tema que deve ser discutido e exposto aos (falsos) moralistas que gostam de opinar sobre a política, mas cometem erros graves e, muitas vezes, possuem opiniões baseadas no puro ódio a certas ideias e partidos.  

O vídeo descrito acima levou muitos antipetistas hipócritas a histeria coletiva. Foram feitas campanhas com o objetivo de gerar um alto número de cancelamento de inscrições, além de massivos conjuntos de “dislike”. Na contramão dessas campanhas, houve uma forte mobilização virtual vinda, principalmente, dos petistas que se identificaram com o conteúdo do Porta dos Fundos que alcançou milhões de brasileiros.

No entanto, as pessoas que apoiam o canal de Gregório Duvivier acabam por se esquecer que, apesar dos raros momentos de lucidez vindo do Porta dos Fundos, seus feitos já incluíram vídeos abertamente anti-PT. Esse é o caso do recém-lançado “Reunião de Emergências 2”, apenas 2 semanas antes do vídeo “Delação”. A mobilização de milhares de militantes na internet em favor de todo um canal por causa de apenas um de seus vídeos faz com o que os petistas caiam (mesmo que conscientemente) em uma armadilha criada por setores artísticos que estão apenas parcialmente alinhados com a visão de mundo do Partido dos Trabalhadores.

Agora voltemos ao tópico da anti-religiosidade presente no Porta dos Fundos e a certa dose de irresponsabilidade vinda dos simpatizantes do PT com sua suposta fidelidade aos interesses das massas trabalhadores que sustentam a popularidade de seu partido. Os eleitores que, por diversas vezes, depositaram sua confiança nos candidatos Lula e Dilma Rousseff e garantiram suas vitórias são, majoritariamente, religiosos (especialmente católicos). Muitos deles, por exemplo, são pessoas humildes moradoras das regiões não-urbanas do Nordeste e cuja fé é de vital importância para seu cotidiano. O que se pode perceber quando vemos o apoio petista à um canal com humor tão nefasto quanto o produzido pelo Porta dos Fundos é que existe uma discrepância cada vez maior entre seu ideário e o estilo de vida de seus simpatizantes. O PT, cada vez mais, escolhe apoiar o lado do secularismo liberal presente na Europa. E faz isso de maneira gradativamente mais aberta, especialmente quando endossa um canal que, sem pudor algum, pisa encima das opiniões e crenças da maioria de seus apoiadores. Estariam os petistas seguindo os passos de uma esquerda moderada e elitista, tal como a que existe dentro do Partido Democrata nos Estados Unidos? A resposta é: talvez. As pautas impopulares (porém, vigorosamente financiadas por interesses internacionais) estão se sobrepondo aos interesses da vontade popular que fez com que o PT se tornasse o que é hoje, e que é a única verdadeiramente capaz de mobilizar as massas. Os políticos petistas estão completamente inertes aos ataques dos conservadores evangélicos e sua defesa degenerada e elitista da “moral e dos bons costumes”. E estão assim porque, ao invés de militarem por uma aliança entre os valores religiosos do país de um lado, e a justiça social e o trabalho digno do outro (o que os levaria a uma resposta à altura contra o pseudocristianismo de seus opositores), preferem defender o secularismo radical primeiro mundista a fim de agradar militâncias minoritárias barulhentas. 

E A DIREITA CRISTÃ, É DIFERENTE?

Pior do que o apoio que os petistas deram ao Porta, talvez somente as rotineiras respostas dadas pelos representantes da “versão brasileira” da direita cristã. Quando presenciamos figuras como Marisa Lobo (a autointitulada psicóloga cristã) e Nando Moura (vlogger conservador) exigirem que, para que os gigantes canais humorísticos comprovem sua “imparcialidade”, também devem ser feitos vídeos denegrindo a fé islâmica (a segunda maior do mundo, em número de seguidores), revela-se que esses defensores do cristianismo, mesmo que subconscientemente, possuem a perversa vontade de ver valores não-ocidentais serem denegridos da mesma forma que seus valores também são.

Se existe algo que a direita protestante (tanto a dos EUA, como sua versão mais jovem no Brasil) tem mostrado é a sua falta de interesse em promover o respeito mútuo ás religiões. Nesse ponto, tais políticos evangélicos não são tão diferentes dos seus irmãos ideológicos do secularismo antirreligioso. Ambos atacam e perseguem as crenças alheias (quantas vezes ficamos cientes de casos de afiliações religiosas protestantes realizando atos de boicote e até humilhação para com as manifestações de matriz africana ou mesmo católicas?). Outro exemplo claro de irresponsabilidade dessa direita ocorreu quando Pamela Geller (ativista conservadora norte-americana e que proclama defender as “tradições éticas judaico-cristãs”) prestou, em nome da liberdade de expressão, total apoio ao festival de desenhos de Maomé (competição criada com intuito abertamente provocativo), mesmo sabendo que tais representações artísticas são consideradas ofensivas a muitos muçulmanos. Tal festival e seus apoiadores demonstram muito bem a aliança política e cultural feita entre os antirreligiosos e os fundamentalistas evangélicos quando estes se deparam com algum grupo demográfico que leve sua fé a sério, tal qual a comunidade islâmica estadunidense.

Chega-se, portanto, à conclusão de que tanto o secularismo radical como o fundamentalismo evangélico são lados da mesma faceta liberal antirreligiosa. São também inimigos da vontade popular. Apesar de suas disputas culturais aqui e ali, nos momentos decisivos o que ocorre é uma aliança entre elas pela destruição de qualquer resistência.  

REFERÊNCIAS:

LISTA DE VÍDEOS:
Contra o PT:
https://www.youtube.com/watch?v=hXuv3c1Rz_0
Contra o PSDB e PMDB:
https://www.youtube.com/watch?v=m92wwsCxk7k
Contra o Cristianismo:
https://www.youtube.com/watch?v=eLawrQ1KQno
https://www.youtube.com/watch?v=t11JYaJcpxg
Contra o Islão:
https://www.youtube.com/watch?v=hu_uwoMWMfU
https://www.youtube.com/watch?v=W0NosW_DgkM
Desafio babaca da Marisa Lobo:
https://www.youtube.com/watch?v=8Lj0wsjFnmc
SOBRE PAMELA GELLER:
https://en.wikipedia.org/wiki/Pamela_Geller

terça-feira, 26 de abril de 2016

As imprecisões de Maro Filósofo - A verdadeira história e o real caráter do regime civil-militar (1964 - 1985).


Foto – João Goulart (1918 – 1976), presidente do Brasil entre 1961 a 1964.
Em sete de abril de 2015, Maro Filósofo postou um vídeo a respeito do golpe de 1964 e do regime do qual dele se originou. Ele começa dizendo que, logo que o PT sair do poder, o Brasil não precisa apenas fazer uma grande reforma político-administrativa. Também tem que fazer uma reforma educacional, em especial no que tange à historiografia do período de 1964 em diante, pois o que ele chama de “historiografia oficial” passa uma visão equivocada do que foi o período do regime civil-militar que governou o Brasil entre 1964 a 1985. Diz ele que essa suposta visão equivocada do período em questão se dá pelo fato de essa produção historiográfica ser feita por historiadores de esquerda vinculados ao Partido dos Trabalhadores e outros partidos de esquerda. E, como é de praxe, ao longo do vídeo é proferido uma série de erros, imprecisões, lacunas, omissões e meias-verdades. E quais eles são?
Primeiro, cabe aqui ressaltar que a análise a ser feita do período da história do Brasil que vai de 1964 a 1985 não recairá no moralismo torpe e tacanho em que muitos incorrem, como se o período em questão se resumisse apenas aos generais e torturadores de um lado e de outro os mortos e torturados e como se fosse uma mera questão de direitos humanos. Muito menos sobre os crimes atribuídos aos grupos da esquerda armada na época e qual era o objetivo deles para o Brasil, se lutavam pela implantação de uma democracia aos moldes ocidentais ou de um regime similar ao soviético ou ao cubano. Não, essa questão é secundária. Ainda mais importante que as mortes, torturas, atos institucionais e desaparições do período são os motivos que levaram ao golpe de 1964 e as consequências que trouxeram para o Brasil, e esse será o foco principal desse artigo. Verdade seja dita: para o sistema, essa maneira de avaliar o regime militar focando-se apenas em suas violações de direitos humanos é útil e conveniente na medida em que diminui a curiosidade que as pessoas teriam em descobrir os motivos geopolíticos da existência do golpe em si. Vamos então contextualizar os fatos e os antecedentes que levaram ao golpe para uma melhor compreensão do assunto.
Em 1961, o governo de Juscelino Kubitschek chegou ao fim, e em seu lugar entrou o político paulista Jânio Quadros, com o político gaúcho João Goulart (o primeiro do Partido Trabalhista Nacional e o segundo do Partido Trabalhista Brasileiro), o herdeiro político-ideológico de Getúlio Vargas, como vice-presidente (na época havia eleições separadas para presidente e vice-presidente). Jânio Quadros subiu à presidência com o símbolo da vassoura e slogan “Varre, varre vassourinha. Varre, varre bandalheira”. Em seu curto governo, Jânio Quadros, entre outros feitos, condenou o isolamento de Cuba imposto pelos EUA, assim como restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética e a China e condecorou o líder revolucionário argentino-cubano Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul. Isso abalou as relações do presidente com seus aliados, entre eles a UDN (União Democrática Nacional) e uma agitação golpista militar se iniciou, teleguiada desde os Estados Unidos (o qual temia que o exemplo da Revolução Cubana ocorrida dois anos antes contagiasse o resto da América Latina). Ante essa situação, Jânio renunciou em 25 de agosto de 1961, um dia depois que Carlos Lacerda (o mesmo Carlos Lacerda que sete anos antes também fizera uma feroz campanha midiática contra Getúlio Vargas e o acusara de ser o mandante do ataque de falsa bandeira da Rua Toneleros, em que seu guarda-costas, o Major Rubens Vaz, foi morto a tiros) discursar em cadeia nacional de rádio e televisão em que o acusou de golpista. Jânio renunciou e escreveu uma carta onde, entre outras coisas, disse que “forças ocultas” forçaram sua renúncia.
A renúncia de Jânio desencadeou uma crise institucional. João Goulart (também conhecido como Jango e que no dia da renúncia estava em visita diplomática à China) não era aceito tanto pelos ministros militares quanto pelas classes dominantes. Mas, graças à enérgica ação do então governador do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola (o qual também era cunhado de Jango por ser casado com uma de suas irmãs), o golpe militar foi detido graças à Campanha da Legalidade (cujos discursos eram transmitidos através da Rádio Guaíra em um estúdio no Palácio Piratini, a sede do governo gaúcho) e assim o vice de Jânio Quadros foi empossado presidente. Logo que Jango assumiu o poder, medidas foram tomadas para enfraquecê-lo, entre elas a adoção do Parlamentarismo, que nos anos de 1961 e 1962 promoveu uma grande descentralização do poder e atribuiu muitas funções ao Executivo do Congresso, na época era dominado por representantes das elites. Mas em 1963 o presidencialismo foi restabelecido através de plebiscito. E os golpistas não tardaram a voltar a agir. O país também passava por um momento de crise econômica.
Agora, vamos às abobrinhas ditas por Maro Filósofo em seu vídeo. No vídeo em questão, o vemos ignorar a faceta civil desse mesmo golpe. Na época, expressivos setores da sociedade civil da época apoiaram a ação dos militares contra o governo Jango. E é por isso que hoje em dia é comum se falar em golpe civil-militar. E quem foram os atores civis do golpe de 1964? A grande mídia apoiou em massa o golpe, entre eles jornais como O Globo, o Correio da Manhã, a Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil, assim como Carlos Lacerda (o qual passou para a história com a alcunha de “derrubador de presidentes”). A campanha midiática contra Jango, assim como contra Vargas 10 anos antes, semeou o pânico entre a população e era calcada principalmente em denúncias massivas de corrupção contra seu governo. E o que é pior: tratando o tema apenas como uma questão de moralidade, fazendo aquilo que Nildo Ouriques chama de “redução da política a moral”. Mesmo expediente utilizado pela mesma grande mídia de hoje no que tange a corrupção petista (e que o povão, em especial a classe média que se acha elite, engole bovinamente).
E para insuflar as massas contra o governo João Goulart, a grande mídia utilizava-se de espantalhos retóricos e mentiras como a de que o político gaúcho era comunista e que aqui estava em curso um processo de implantação do comunismo. O empresariado da época (tanto nacional quanto multinacional), logo que Jango assumiu a presidência, endossou as fileiras golpistas, e com sua anuência fundaram o IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), que junto com o IBAD (Instituto de Ação Democrática), os quais visavam uma articulação e integração dos movimentos sociais de direita para poder deter aquilo que eles chamavam de “avanço do comunismo soviético no Ocidente”. Os dois think thanks golpistas (os quais seriam uma espécie de equivalente da época de grupos como o Movimento Brasil Livre, Revoltados Online e Vem para Rua) produziram e difundiram grande quantidade de programas radiofônicos, televisivos e matérias nos jornais com conteúdo raivosamente anticomunista, assim endossando a guerra de informação midiática contra o governo Jango. Um dos métodos usados pelo IPES para insuflar a população contra João Goulart eram palestras direcionadas às mães e donas de casa alertando sobre um suposto e fantasioso perigo comunista à entidade familiar, assim como a distribuição de panfletos entre a população. Em 1963, uma CPI foi instaurada por parlamentares janguistas contra o IBAD, cuja extinção foi decretada após a descoberta de extensivas provas de que a organização reacionária recebia capital estrangeiro. O IPES, como tinha uma atuação mais discreta, conseguiu se safar, desaparecendo apenas em 1972. Esse mesmo discurso anticomunista raivoso, reacionário e rançoso da parte tanto dos civis quanto dos militares golpistas criaram raízes profundas no pensamento das elites brasileiras, e hoje em dia o vemos se repetir nas falas de figuras tais como Olavo de Carvalho (vulgo Sidi Muhammad), Jair Bolsonaro (o qual dedicou seu voto a favor do impeachment da presidente Dilma a um notório torturador e chefe do DOI-CODI[1] do período, o general Carlos Alberto Brilhante Ustra, falecido em 15 de outubro de 2015) e o próprio Maro Filósofo.
Dias antes do golpe, aconteceu em São Paulo (a mesma São Paulo que 32 anos antes foi o epicentro do movimento contrarrevolucionário contra Getúlio Vargas, onde a oligarquia cafeeira visava recuperar o poder que tinha nos tempos da República Velha [1889 – 1930]) a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Nessa manifestação (que reuniu 500 mil pessoas ao todo na Praça da Sé) se reuniram o clero conservador da Igreja paulista, a imprensa, o empresariado e a direita em geral. Os manifestantes da marcha pediam a prisão de Brizola e de Jango, assim como repudiavam as tentativas de reforma à Constituição Brasileira e uma defesa da democracia ante uma suposta “cubanização do Brasil” (espantalho esse que foi exumado em manifestações recentes da classe mérdia contra o governo Dilma). Também apoiou o golpe a FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo). André Gunder Frank, notório marxista alemão, falou a respeito disso na época. É a mesma FIESP que hoje pede o impeachment de Dilma e que nos torra a paciência com seus patinhos amarelos com olhos riscados e seus slogans “não vou pagar o pato”. Como também a empresa multinacional ITT (International Telephone and Telegraph), que anos antes do golpe teve sua filial gaúcha nacionalizada pelo então governador Leonel Brizola. Anos depois a mesma ITT apoiaria o golpe contra Salvador Allende no Chile.

Foto – A suposta cubanização do Brasil, ontem e hoje.
Depois ele fala que os militares são pintados como os bandidos da história por essa mesma historiografia e os defende alegando que são pessoas que tem valores, dignidade e ética, além de continuamente bater na tecla de que eles salvaram o Brasil de se transformar em uma grande Cuba continental. Primeiro que João Goulart nem comunista era. Ele era nacional-reformista, muito embora tenha estabelecido relações diplomáticas com países comunistas como a União Soviética e a China, dando assim continuação à PEI (Política Externa Independente) iniciada por Jânio Quadros. E segundo que, geopoliticamente falando, o regime advindo do golpe de 1964, atrelou o Brasil ao bloco ocidental, liderado pelos EUA. Apenas no governo de Ernesto Geisel, o presidente militar entre 1974 a 1979, é que houve certo distanciamento com Washington, onde, entre outras coisas, o Brasil reconheceu a independência de Angola (então governada pelo partido marxista Movimento pela Libertação de Angola), estabeleceu relações com a China e não endossou o boicote econômico mundial ao Iraque depois que Saddam Hussein nacionalizou o petróleo iraquiano.
Entre os militares, havia uma expressiva facção americanófila, e foi essa que derrubou Jango em 1964. Segundo Adriano Benayon em seu artigo “Getúlio Vargas e a independência”, esses laços de parte da cúpula militar com Washington se originaram quando Vargas enviou o corpo expedicionário da FEB (Força Expedicionária Brasileira) à Itália ao final da Segunda Guerra Mundial (o próprio Benayon diz no mesmo artigo que isso foi um equívoco da parte de Vargas). E foi justamente essa ala mais americanófila do exército que encabeçou as agitações golpistas de 1945, 1954, 1961 e 1964. E no próprio Brasil já havia uma longa tradição de orientação atlantista (parafraseando o pensador político russo Aleksandr Dugin[2]), ou seja, de costas para o país e a América Latina e de frente para a Europa (principalmente França e Inglaterra, muito forte até a Segunda Guerra Mundial) e depois os Estados Unidos (principalmente da Segunda Guerra Mundial em diante) da parte principalmente das elites econômicas que remonta desde os tempos da colônia e do Império (levando em consideração que essa mesma elite é herdeira dos senhores de engenhos e dos cafeicultores que fizeram fortuna através do comércio com o exterior e que carrega até hoje a mesma mentalidade).
E segundo, como falar em valores, dignidade e ética em um caso como o dos US$ 1,2 milhão de propina que o general Amaury Kruel, o comandante do 2º exército e ministro da guerra, recebeu da FIESP para que traísse Jango (com o qual se desentendeu após uma conversa telefônica depois que ele se recusou a romper com a CGT [Comando Geral dos Trabalhadores], de afiliação esquerdista) e debandasse para o lado dos golpistas? E segundo que, tal como aconteceu no Chile, na Argentina e nos demais países latino-americanos assolados por golpes civil-militares nas décadas de 1960 e 1970, os militares brasileiros em realidade foram instrumento nas mãos das classes dominantes, temerosas do fato de que as reformas de base do presidente João Goulart fossem levadas adiante e acabassem com seus privilégios. Coisa que a política social petista nem ao menos cogitou em ousar fazer nesses anos todos. E no plano externo, manter o Brasil em sua condição de subalternidade em relação aos países centrais da engrenagem capitalista mundial (que vende a preço de banana matérias primas baratas ao mesmo tempo em que exporta a preço de ouro produtos industrializados com alto valor agregado), com sua classe dominante sendo sócia (para não dizer testa-de-ferro) do capital multinacional aqui estabelecido.

Foto – General Amaury Kruel (1901 – 1996).
As reformas de base de Jango incluíam pautas como a reforma bancária (ampliação do crédito aos produtores), eleitoral (ampliar o voto a analfabetos e militares de baixa patente), educacional (valorização dos professores, oferecer ensino para analfabetos e acabar com as cátedras vitalícias nas universidades) e agrária (democratização do uso da terra). Também pretendia controlar as remessas de dinheiro das empresas multinacionais aqui estabelecidas e dar canais de comunicação aos estudantes. O próprio Jango, em 13 de março de 1964, decretou no Comício da Central do Brasil (ocorrido no Rio de Janeiro e que contou com a presença de 150 mil pessoas, assim como de Leonel Brizola) a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo (as mesmas que hoje querem meter a mão no Pré-Sal da Petrobrás e para isso utilizando a Operação Lava Jato conduzida pela República de Curitiba como cavalinho de guerra). As elites prontamente reagiram e convocaram a já citada Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo.
Na madrugada de 1º de abril de 1964, Jango voltou para Porto Alegre e foi para a casa do comandante do 3º exército, onde se reuniu com o Brizola, que lhe sugeriu que resistisse aos golpistas. Entretanto, Jango recusou a ideia de seu cunhado. Dias depois, se exilou no Uruguai. O Congresso Nacional, por seu turno, declarou a vacância da Presidência da República e cassou João Goulart, entregando seu cargo ao presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli. Em 10 de abril, Jango, assim como Brizola, Miguel Arraes, Nelson Werneck Sodré, Luís Carlos Prestes, Darcy Ribeiro e muitos outros políticos ligados à velha ordem, teve seus direitos políticos cassados por 10 anos após a publicação do Ato Institucional Número 1 (AI-1). 12 anos depois, mais precisamente no dia 6 de dezembro de 1976, Jango veio a falecer no município argentino de Mercedes, vítima de um ataque cardíaco (embora muitos familiares e amigos seus suspeitem que ele foi assassinado por agentes da Operação Condor).
Por volta de dois minutos, ele fala do crescimento econômico do país durante o período e as várias obras de infraestrutura que foram feitas na época. Entretanto, esse crescimento teve seu preço: se deu através de um grande endividamento do estado brasileiro, e esse endividamento cobrou seu preço mais adiante. O “milagre econômico”, isso é, quando, no período entre 1968 a 1973, a indústria brasileira cresceu a taxas elevadíssimas graças ao ingresso maciço de capitais estrangeiros, fez com que a dívida saltasse de 4 para 12 bilhões de dólares. Durante os governos Costa e Silva (1967 – 1969) e Médici (1969 – 1974), os empréstimos em questão foram utilizados para realizar operações de crédito na compra de produtos como geladeiras, secadoras de cabelo e automóveis, assim como financiar grandes obras urbanas como estradas, viadutos e redes de energia elétrica. Mais adiante, no governo Geisel (1974 – 1979), se inicia o encolhimento da indústria de bens de consumo duráveis, em grande partido devido à crise mundial do petróleo. Em 1982, já no governo do último presidente militar, João Batista Figueiredo (1979 – 1985), esse modelo econômico entra em estado falimentar e o país recorre à ajuda do FMI. No ocaso de seu governo, a dívida externa chegou no patamar de a cerca de 100 bilhões de dólares. E esse problema do superendividamento do estado brasileiro continuou e piorou com os presidentes civis, principalmente a partir do governo FHC. Com a diferença que enquanto no período militar houve certo uso do endividamento para se fazer obras de infraestrutura, hoje em dia a dívida pública (hoje em dia a interna maior que externa) está se mostrando um mero recurso para enriquecer os rentistas ligados a esse sistema (os quais por sua vez utilizam essa mesma dívida como um instrumento de assalto ao estado). E o que é pior, trata-se de uma dívida que quanto mais são pagos seus juros e amortizações, mais cresce.
Por volta de 4:30, ele diz que o Brasil deverá fazer um ajuste de contas com a sua própria história, dizendo que o trabalho da Comissão Nacional da Verdade (que ele classifica como Comissão de Mentira da Esquerda) tem que ser eliminada e seu trabalho, totalmente revisado, assim como saber o que realmente ocorreu no período de 1964 a 1985 e repetidamente tocando na tecla de que uma parte considerável dos políticos brasileiros atuais foram da luta armada na época. Em seu lugar, tem de ser instituída uma nova Comissão, que segundo ele teria de ser “comprometida com a história de fato, e não apenas com a ideologia de esquerda”. Sim, de fato um ajuste de contas deve ser feito, e o principal foco deve ser não os petistas ou os torturadores do período, e sim os apoiadores civis do golpe de 1964 que ainda estão vivos. Nesse sentido, há a iniciativa do Fórum Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação que através de seu manifesto “Pela continuidade dos trabalhos de memória e verdade, por justiça e reparação perante as graves violações cometidas por militares e civis na Ditadura!”, que pede que sejam também investigados os sócios civis dos militares, lançado em julho do ano passado.
Mais adiante, ele também diz que a ciência não deve estar atrelada a ideologias políticas, porque assim se torna uma propagadora de ideologias políticas, afirmando que os historiadores não estão fazendo história, e sim propaganda de ideologia política esquerdista lulopetista. Primeiro, quem ele pensa que é para falar em neutralidade e ciência livre de ideologias políticas, sendo que da mesma forma com que uma cartilha ou livro doutrinário do PT é impregnada de ideologia política esquerdista, suas falas em seus vídeos também são impregnadas de ideologia, mesmo que ele não admita (em seu caso particular, de uma ideologia direitista, aquilo que eu chamo de “direita dos valores sem a esquerda do trabalho”, uma retórica que se aproxima muito do ideário do Partido Republicano dos Estados Unidos)? Pois se tem algo impossível nesse mundo é a imparcialidade total e absoluta. E segundo, a fala dele nos induz a pensar que ele ignora a existência de obras como “O Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, de Leandro Narloch, e “Ditadura a Brasileira”, de Marco Antônio Villa (o mesmo Villa que é defensor do impeachment à Dilma na mídia de massa), que promovem uma reabilitação do regime civil-militar. Villa defende a ideia de que nos períodos entre 1964 a 1968 e 1979 a 1985 teria havido uma ditabranda, levando em consideração a movimentação político-cultural do primeiro período e a lei de anistia e as eleições para governadores em 1982 do segundo período.
Maro Filósofo argumenta que o dia 31 de março de 1964 sinaliza uma nova era na história do Brasil e que o golpe daquele dia deveria ser chamado de contra-golpe porque quem supostamente queria dar o golpe eram o que ele chama de esquerdistas que ele pensa que queriam implantar o regime socialista e que os militares foram obrigados a fazer o que fizeram naquela ocasião. Ainda afirma que em nenhum país conseguiu manter o socialismo a não ser através da força das armas. A primeira assertiva, que também é defendida por historiadores como Marco Antônio Villa, é fantasiosa. Os grandes e verdadeiros golpistas da história que esse pessoal da direita tanto ignora, a nível interno, foram as classes dominantes que usaram os militares e depois a tortura e a repressão para exercer seu controle social. E, assim que o radicalismo das massas com o passar do tempo foi esfriando, a mesma classe dominante não quis mais saber dos militares no poder. E a nível externo, o capital multinacional, com o qual essa mesma classe é historicamente associada. E a respeito da segunda assertiva, ele pelo visto pensa que mesmo o estado democrático do mundo capitalista não tem seus mecanismos de controle social, entre eles a grande mídia corporativa. Não tenha dúvidas de que em uma situação em que esse mesmo estado estiver com sua existência ameaçada haverá de usar a mesma força das armas para sobreviver. Sua fala também transparece a falácia tipicamente liberal de que o Estado é uma entidade neutra e que está acima de todas as classes sociais, até mesmo da classe dominante.
Algo também digno de nota a respeito do período foi o resultado acadêmico que o golpe de 1964 trouxe, com a extinção do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) e a castração da UNB (Universidade de Brasília), assim arruinando com o sonho de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira de criar uma instituição de vanguarda com uma produção acadêmica capaz de melhorar a realidade brasileira e livre daquilo que Nildo Ouriques chama de “figurino francês”. Muitos dos intelectuais de ambos os institutos que tinham toda uma produção intelectual voltada para enfrentar o subdesenvolvimento e a dependência do Brasil em relação às grandes potências da cadeia imperialista mundial e como superar essa situação de subalternidade, entre eles Ruy Mauro Marini (com o qual FHC e José Serra travaram uma polêmica em 1978), Teotônio dos Santos, André Gunder Frank, Vânia Bambirra, Ludovico Silva e outros. Nove dias após o golpe, a UNB foi invadida pelo exército, os quais revistaram estudantes e procuraram armas e material de propaganda por eles visto como subversivo, assim como 12 professores que deveriam ser presos e interrogados. Como resultado dessa ação, Anísio Teixeira, então reitor, e seu vice, Almir de Castro, foram demitidos e em seu lugar foi colocado o paulistano Zeferino Vaz, interventor a serviço dos militares, o qual demitiu muitos dos professores da faculdade, entre eles Ruy Mauro Marini. Ele e outros tiveram que se exilar do país, no que deu origem à dispersão de muitos desses intelectuais se exilaram pela América Latina. Outras duas invasões à UNB se seguiram em 1965 (que terminou com a demissão de 15 docentes por Zeferino Vaz e mais outros 223 que se demitiram em solidariedade a seus colegas) e 1968. Dentro do esforço de controle social das classes dominantes, foram turbinadas faculdades como a Unicamp e a USP. A mesma USP que foi criada pela elite paulista contra o nacionalismo varguista logo após a derrota do golpe de 1932, que é o ninho intelectual do petucanato e de onde saiu figuras como Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Essas são as raízes da miséria do atual sistema universitário brasileiro.
Resumindo a ópera: Maro Filósofo fez uma análise bem tacanha e rasa do período em questão, que nos induz a pensar que o que houve na época foi uma simples disputa de poder entre a esquerda e os militares e mostrando os dois lados como se fossem blocos monolíticos sem suas divisões internas. E o que é pior: sem falar da questão da luta de classes que na época houve aqui no Brasil e das reformas de base, assim como do contexto da Guerra Fria, que a argumentação do youtuber direitista chega a dar a impressão de que não existiram. Esse tipo de análise, diga-se de passagem, é a outra face da moeda das análises moralistas que muitos dos detratores do regime civil-militar fazem quando o tratam apenas pelo prisma da tortura, dos atos institucionais e das mortes (entre eles aqueles que, indignados com a homenagem feita à Ustra por Bolsonaro, em redes sociais como o Facebook ficam postando fotos dos torturados e mortos da época). Ou seja, a retórica é a mesma, só que com sinal invertido. Algo análogo a que esquerda pós-moderna faz quando reage a truculência de Bolsonaro, Feliciano e companhia limitada se agarrando a pautas como os direitos das minorias supostamente perseguidas por eles. Com um discurso tacanho e moralista desses da parte desses elementos que só sabem condenar o regime civil-militar devido aos mortos e torturados da época e que não toca na questão do papel da classe dominante no golpe e suas conexões internacionais, a reabilitação da ditadura jamais será detida. E é essa mesma esquerda que de forma análoga fecha os olhos para o jogo de poder da classe dominante (do qual a República de Curitiba é uma de suas peças) e suas conexões internacionais na questão do impeachment de Dilma.
O Regime Militar chegou a seu ocaso em 1985, após 21 anos no poder, e o Brasil voltou a ser governado por presidentes civis. Entretanto, em entrevista concedida à Elaine Tavares em 13 de maio de 2014, Gilberto Felisberto Vasconcellos afirma que o golpe de 1964 continua em seu conteúdo socioeconômico. E o que o colunista da Revista Caros Amigos e professor da Universidade de Juiz de Fora quis dizer com isso? Que a redemocratização de 1985 em realidade não passou de uma mudança de regime político. A estrutura de poder por trás do trono encabeçada pelas oligarquias baseadas na Avenida Paulista e que atrela economicamente o Brasil aos países centrais da engrenagem capitalista mundial (em especial os EUA) continua a mesma de antes, que agora usam o petucanato[3] como um biombo para esconder seu poder perante o povo. A redemocratização de 1985 foi como alguém que está exalando um cheiro muito ruim trocar de roupa, mas sem tomar banho antes. O mau cheiro continua do mesmo jeito.
Servindo a essa estrutura de poder que se firmou com o golpe de 1964 (estrutura essa fundamentada em um tripé que reúne o velho latifúndio de origem colonial [o qual recebe o elegante nome de agronegócio nos grandes meios de comunicação], o capital multinacional aqui estabelecido e o poder econômico estabelecido na Avenida Paulista) e renovada em 1994 pelo pacto de classes que deu origem ao Plano Real que o PT desde 2003 tem governado. Ou seja, o PT assumiu o trono, mas não o poder de fato, que por sua vez continuou nas mãos dessa mesma oligarquia e suas distintas frações urbanas e agrárias. E assim Lula e Dilma (a mesma Dilma que no começo desse ano aprovou a lei antiterrorismo, a qual na prática transforma movimentos sociais como o MST e o MTST em verdadeiros equivalentes tupiniquins de grupos como o Estado Islâmico, a Al Qaeda e o Boko Haram), tal como os presidentes civis que o antecederam, na prática tornaram-se figuras tão ou mais decorativas quanto, por exemplo, a rainha da Inglaterra e o imperador do Japão.
E o próprio PT, diga-se de passagem, há quem diga que o partido de Lula, Dilma, José Genoíno e José Dirceu foi uma cria dos próprios militares, mais precisamente do general Golbery do Couto e Silva, como uma forma de criar um contraponto a Leonel Brizola (que era o verdadeiro temor das elites, e não Lula). Contraponto esse nascido dos sindicatos das multinacionais estabelecidas no ABC Paulista e da sociologia de faculdades como USP e Unicamp. O mesmo Golbery também manobrou para dar a sigla do velho PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) para Ivete Vargas, a oportunista sobrinha de Getúlio Vargas. Assim, Brizola teve que fundar uma sigla nova, o PDT (Partido Democrático Trabalhista). E isso (o papel da cúpula militar na criação do PT) é algo que, com toda certeza, precisa ser esclarecido por uma verdadeira Comissão da Verdade. Isso sim é um verdadeiro motivo pelo qual Lula pode ser levado a juízo público (e não por causa de coisas irrelevantes como o tríplex no Guarujá e/ou sítio em Atibaia).


Foto – Foto referente ao Manifesto “Pela continuidade dos trabalhos de memória e verdade, por justiça e reparações perante as graves violações cometidas por militares e civis na Ditadura”.

Fontes:
1964 e a versão que a esquerda escreveu da História... Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=t0c9-KGsgZQ
A dívida externa brasileira. Disponível em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=211
“As raízes intelectuais do consórcio PTucano”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Cvi_Jxijcw8
Brasil: crise financeira ou fiscal? Disponível em:
Bolsonaro dedica voto ao Coronel Brilhante Ustra, torturador da ditadura. Disponível em: http://www.revistaforum.com.br/2016/04/17/bolsonaro-dedica-voto-ao-coronel-brilhante-ustra-torturador-da-ditadura/
Darcy Ribeiro, sobre a elite brasileira. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SX5O-IAyO38
Estrella, o geólogo que descobriu o futuro do Brasil! Disponível em: http://www.conversaafiada.com.br/economia/estrella-o-geologo-que-descobriu-o-futuro-do-brasil
Fator FIESP: golpismo de Skaf e empresários reedita 1964. Disponível em: http://outraspalavras.net/alceucastilho/2015/12/14/fator-fiesp-golpismo-de-skaf-e-empresarios-reedita-1964/
FIESP subornou general para trair Jango, diz coronel à Comissão da Verdade de São Paulo. Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2014-02-18/fiesp-subornou-general-para-trair-jango-diz-coronel-a-comissao-da-verdade-de-sp.html
Fórum Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação pede punição aos torturadores e empresas que financiaram a ditadura. Disponível em:
Golpe de 64, o golpe contra o último legado getulista. Disponível em: http://lntbrasil.blogspot.com.br/2016/01/golpe-de-64-o-golpe-contra-o-ultimo.html
Governo Jânio Quadros (1961): mandato polêmico de sete meses. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-janio-quadros-1961-mandato-polemico-de-sete-meses.htm
ITT Corporation. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/ITT_Corporation
Lei antiterrorismo é sancionada com vetos pela presidente Dilma. Disponível em: http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/03/18/lei-antiterrorismo-e-sancionada-com-vetos-pela-presidente-dilma
Marcha da Família com Deus pela Liberdade pedia a queda de Jango há 50 anos. Disponível em: http://www.ebc.com.br/cidadania/2014/03/marcha-da-familia-com-deus-pela-liberdade-em-19-de-marco-de-1964-0
Modelo petucano. Disponível em:
O Enguiço das ciências sociais – Gilberto Felisberto Vasconcellos. Disponível em:
Política externa brasileira: as relações internacionais brasileiras durante a ditadura militar (1964 – 1985). Disponível em: http://e-internacionalista.com.br/2013/06/23/politica-externa-brasileira-as-relacoes-internacionais-brasileiras-durante-a-ditadura-militar-1964-1985/
PT criado e incentivado pelo General Golbery – A Esquerda que a Direita gosta. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=BFepmQpbtkg

 NOTAS:

[1] Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna.
[2] Leia-se “Duguin”, pois no russo, assim como em idiomas como o alemão, o polonês, o mongol e o japonês, o som da partícula g não muda em função da vogal seguinte, tal como nas línguas latinas e no inglês.
[3] Petucanato/Petucanismo é um termo cunhado por Gilberto Felisberto Vasconcellos (e depois utilizado por outros como Nildo Ouriques e Adriano Benayon) para se referir a situação política que o Brasil vive desde 1995 com a alternância de poder entre o PT e o PSDB, dois partidos de programa de governo praticamente igual baseados no modelo neoliberal (incluindo privatizações, terceirização e precarização do Estado), com a diferença que o PT têm um política um pouco mais direcionada para o lado social que o PSDB.