sexta-feira, 28 de abril de 2017

Nota de solidariedade à República Popular Democrática da Coréia.


Foto – Bandeira da Coréia do Norte.
Como se não bastasse o assédio à Síria que se arrasta desde 2011, mais um país recentemente entrou na mira do imperialismo anglo-americano: a Coréia do Norte. Porta-aviões e frotas norte-americanas foram enviados para os mares que circundam a Coréia do Norte. Ou seja, uma nova escalada de tensões entre os dois países teve lugar. Pelo que estamos vendo, Donald Trump, que prometeu em sua campanha eleitoral se focar mais nos problemas internos de seu país, ao que tudo indica foi cooptado pelo mesmo Pântano que ele disse que ia drenar (certamente debaixo de chantagens similares às quais o Pântano brasileiro submeteu Lula em 2002 e que o Pântano francês certamente submeterá Marine Le Pen caso a política do Front National se eleja e vença o candidato favorito do sistema francês, Emmanuel Macron). Será isso (assim como o recente ataque na Síria) uma bravata do presidente norte-americano para agradar e acalmar os ânimos dos neocons (os quais em sua grande maioria estavam do lado de Hillary Clinton na campanha presidencial do ano passado) que o cercam no Partido Republicano ou o anúncio de que uma guerra está por vir no nordeste da Ásia (e ainda debaixo do nariz da China e da Rússia)?
O imperialismo anglo-americano vem promovendo uma verdadeira guerra de propaganda contra a nação fundada pelo finado Kim il-Sung (avô paterno de Kim Čong[1]-Un) onde se recorre a artifícios tais como o uso de pobres sul-coreanos que se passam por fugitivos vindos do norte tais como Jeon Mi Park. Ela, que fisicamente mais se parece com uma membra de uma girl band de k-pop e que já tirou fotos com Hillary Clinton. Segundo Alejandro[2] Caos de Benos, ela recebe entre 15 a 30 mil euros por conferência em que participa.
Nós do RTM esperamos que essa guerra não chegue às vias de fato, mas ainda assim fica a nossa solidariedade à República Popular Democrática da Coréia caso os EUA a ataque, quer seja diretamente por meio de uma invasão militar aberta como feito anteriormente com o Iraque em 2003 e com a Líbia em 2011, quer seja indiretamente por meio de uma guerra por procuração se utilizando de seus lacaios locais (Coréia do Sul e/ou Japão). Lembremos que essa não é a primeira vez que a Coréia se vê diante de ofensivas do imperialismo anglo-americano: a primeira delas se deu em 1871 (ou seja, quase meio século antes do nascimento de Kim il-Sung), seguido da Guerra de 1950 a 1953 que ceifou com a vida de três milhões de coreanos (de uma população antes estimada em 11 milhões). Assim como o fato de a Coréia do Norte ter sido incluída pelo ex-presidente George W. Bush em 2002 junto com o Irã e o Iraque em um suposto “Eixo do Mal” (algo no mínimo absurdo, ainda mais levando em consideração que o Irã sob os aiatolás e o Iraque sob Saddam Hussein nunca se entenderam no período de 1979 a 2003, a ponto de terem travado uma guerra que se arrastou por longos oito anos). E isso para não falar dos 35 anos em que a Coréia esteve sob o jugo colonial japonês (de 1910 a 1945), onde, entre outras coisas, os japoneses submeterem a Coréia a uma brutal política de niponificação (aonde muitas mulheres coreanas foram reduzidas à condição de prostitutas nas mãos do exército japonês, o idioma coreano chegou a ser proibido e os coreanos sendo incentivados a adotarem nomes nipônicos).
Também aqui fica nosso repúdio aos pedidos do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para que o Brasil feche a embaixada na Coréia do Norte, sob a alegação de que o país asiático supostamente persegue cristãos. Tal história é mentirosa e fantasiosa, como mostra as matérias do site A Página Vermelha abaixo. Nada muito diferente, por exemplo, de histórias fantasiosas de que o Irã persegue minorias religiosas não-islâmicas. Trata-se do mesmo Marco Feliciano que votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
Fontes:
FARSAS: proibição de Bíblias na Coréia do Norte, mito ou verdade? Disponível em: https://apaginavermelha.blogspot.com.br/2013/09/farsas-proibicao-de-biblias-na-coreia.html
Marco Feliciano pede que governo feche embaixada brasileira na Coréia do Norte. Disponível em: https://jornalivre.com/2017/04/27/marco-feliciano-pede-que-governo-feche-embaixada-brasileira-na-coreia-do-norte/
OLCN: Sobre a garota propaganda do regime estadunidense, Yeon Mi Park. Disponível em: https://iep-coreia.blogspot.com.br/2017/01/sobre-garota-propaganda-do-regime-estadunidense-park-yeon-mi.html?m=1
Opinião – as Bíblias da Coréia do Norte. Disponível em: https://apaginavermelha.blogspot.com.br/2014/06/opiniao-as-biblias-da-coreia-do-norte.html
Os aiatolás do Irã ajudaram a minar a soberania do Iraque. Disponível em: http://blogak-47.blogspot.com.br/2012/06/os-aiatolas-do-ira-ajudaram-minar.html

NOTAS:


[1] Leia-se “Tchon”. A partícula č tem valor de tch e no coreano, assim como em idiomas como o francês e o chinês, quando uma palavra termina em consoante esta é muda.
[2] Leia-se “Alerrandro”. No espanhol o j, assim como o g quando sucedido por e ou i, tem o mesmo valor do ch no alemão e do kh no russo: r aspirado.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Nove verdades, uma pergunta e uma mentira sobre a corrupção no Brasil.


Foto – Marcelo Odebrecht e Sérgio Moro: O Jin e o Jang, o Alfa e o Ômega, as duas faces de Janus contrapostas entre si.
Aproveitando o jogo das nove verdades e uma mentira que circula no Facebook, resolvi fazer um artigo nesse formato a respeito do assunto corrupção, como se fosse uma espécie de FAQ informativo a respeito do assunto.
1 – Primeiro de tudo, a corrupção que volta e meia o noticiário televisivo mostra não é uma simples questão de moralidade como a mídia e os setores mais reacionários (do alto de seu tacanho e rasteiro moralismo) da política brasileira fazem crer, e sim um problema estrutural do próprio sistema, fruto do fato de o Estado moderno ser aquilo que Karl Marx definiu no “Manifesto do Partido Comunista” (ou seja, no longínquo 1848) como o “balcão de negócios da burguesia”. E o que com isso Marx quis dizer? Que a burguesia, sendo a máquina de governar do Estado moderno (termo utilizado por Muammar al-Kadaffi na primeira parte do Livro Verde para se referir a um partido, grupo ou classe social que se apodera do aparato de Estado de um determinado país e passa a utilizá-lo em seu proveito próprio, ao mesmo tempo em que lesa o resto da sociedade nesse processo), condiciona as políticas desse mesmo Estado em seu favor. Assim, no Estado burguês as políticas que este eventualmente adote são para atender acima de tudo os interesses de classe dos grandes capitalistas e não da sociedade como um todo.
2 – E segundo, o noticiário geralmente oculta ao público algo visceral a esse respeito: a corrupção em realidade começa em agentes do setor privado e termina em políticos, os quais por sua vez acabam sendo o bode expiatório da história. Vide, por exemplo, PC Farias nos esquemas de corrupção do governo Collor e Marcos Valério no mensalão. O que destrói com a falácia vendida pelos liberais de que o mercado é o espaço das virtudes e o Estado é o espaço do que há de pior que existe por excelência, como se só no segundo é que existe corrupção. O tipo do discurso que ajuda a justificar a ideologia neoliberal.
3 – Juízes como Sérgio Moro e procuradores como Deltan Dallagnol nada mais são que a outra face da moeda do sistema da corrupção existente no Brasil. O sistema, sob a alegação de combater a corrupção, a eles recorre para fazer seu trabalho sujo nos momentos em que quer trocar as velhas peças dos esquemas de corrupção por novas, tão ou até mais corruptas. Em outras palavras, Dallagnol de um lado e de outro Marcelo Odebrecht são como o Jin e o Jang[1] do taoísmo, os personagens Kami Sama e Piccolo em Dragon Ball e as duas faces de Janus[2], o deus supremo do panteão romano: dois elementos opostos entre si, mas que juntos formam uma unidade contraditória a ponto de um não existir sem o outro e vice-versa. E, como Rui Pimenta Costa pontua em um de seus vários vídeos, Dallagnol, Janot e companhia limitada não se reconhecem como parte integrante desse mesmo sistema que gera figuras como Marcelo Odebrecht, Marcos Valério, PC Farias e tantos outros.
4 – A corrupção que os jornais dos grandes meios de comunicação em que políticos estão envolvidos em realidade são o mais baixo nível da corrupção aqui no Brasil. O segundo nível da corrupção, segundo Nildo Ouriques, envolve as privatizações (entre elas a privatização da Vale do Rio Doce, feita em 1997) feitas no país desde o início da experiência neoliberal nos governos Collor e FHC. E o terceiro e mais alto nível da corrupção, também de acordo com o professor catarinense, se encontra no sistema de multiplicação de dívida por meio da manipulação do câmbio e a especulação em cima dos títulos dessa mesma dívida. O sistema da dívida é algo que todo santo ano consome entre 40 a 50% do orçamento da União, enquanto que o Bolsa Família em seus dias de glória consumiu não mais que 0,47% desse mesmo orçamento. E tudo isso com a conivência do Banco Central Brasileiro. Isso é um verdadeiro assalto a mão armada ao Estado brasileiro perpetrado por agentes do setor privado. Nessa farra estão envolvidas as diversas frações capitalistas brasileiras, entre elas o capital bancário, o industrial, comercial e agrário. E foi para, entre outras coisas, garantir os lucros desse sistema que houve o golpe do ano passado.
5 – Que moral será que juízes como Sérgio Moro (que segundo dados do TRF4 ganhou em dezembro do ano passado R$ 102.151,58), que ganham salários muito acima do teto permitido por lei (R$ 33.763,00), têm para querer colocar Lula, José Dirceu, Marcelo Odebrecht ou qualquer outra pessoa por eles tida como corrupta na cadeia? A meu ver, nenhuma moral eles têm, na medida em que agem como parasitas do Estado brasileiro. No fim não é uma questão de combate à corrupção, e sim de perseguição política. Pessoas essas que não raro pensam que estão acima da lei (haja vista o caso da fiscal de trânsito do Detran-RJ que em 2011 parou um veículo sem placa, seu motorista não portava carteira de habilitação e estava embriagado e o multou. O motorista em questão era um juiz, o qual se sentiu mordido ao ouvir da boca dela que “juiz não é Deus”. Posteriormente, o caso foi aos tribunais e o juiz em questão teve ganho de causa).
6 – Ao contrário do que os alienados de plantão pensam, a justiça que Moro, Dallagnol, Janot, Gilmar Mendes e companhia limitada exercem está muito mais voltada para atender aos interesses de classe das elites dominantes que da população como um todo. Quando eles fazem o que fazem com a Odebrecht[3] e outras empreiteiras nacionais, o que eles fazem na prática é abrir o caminho para que empreiteiras de países como os Estados Unidos e a China venham para cá e façam as mesmas coisas que as empreiteiras nacionais faziam antes (ou até pior). Em outras palavras, arrancam a erva daninha do solo sem arrancar a raiz junto. Ou seja, o que eles fazem em suas operações policialescas pirotécnicas é apenas atacar os sintomas da doença, nunca a doença em si.
7 – Historicamente, o flagelo da corrupção é muito antigo no Brasil, e tem sido usado da forma mais tacanha e moralista possível pelos meios de comunicação e outros setores reacionários contra governos de caráter popular como aconteceu nos anos 1950 e 1960 com o segundo governo Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart. Pela UDN (União Democrática Nacional) e por jornalistas como Carlos Lacerda, o governo Vargas era acusado de ser um “mar de lama”. Depois de Vargas, o governo Juscelino Kubistchek, que sofreu duas tentativas de golpe por parte de setores conservadores, foi acusado por essa mesma gente de ser o mais corrupto da história do Brasil. Jango, por seu turno, foi igualmente acusado de ser corrupto e de querer implantar no Brasil uma “República Sindicalista”. Ou seja, o que se viu durante os governos Lula e Dilma em episódios como o mensalão e o petrolão não foi nada de novo. Os grandes meios de comunicação apenas se utilizaram de um expediente que eles mesmos utilizaram meio século antes.
8 – Antes do PT chegar ao poder, comumente os casos de corrupção eram acobertados não só pela grande imprensa como também por Geraldo Brindeiro, o então procurador-geral da República, que ganhou a alcunha de “engavetador-geral da República”. Casos como a compra de votos da emenda da reeleição nunca chegaram ao STF nem em seus responsáveis porque o procurador-geral simplesmente arquivava-os. Quando o PT chegou ao poder, essa situação mudou drasticamente. O PT, para combater esse flagelo, fortaleceu órgãos como o Ministério Público, a Controladoria da Receita e a Polícia Federal para esse fim. Entretanto, acabou cometendo um erro fatal ao fazer isso sem levar em consideração a presença de elementos reacionários como Dallagnol, Janot e Gilmar Mendes incrustrados nessas instituições. Elementos esses para os quais pessoas de esquerda como Lula, Dilma, José Dirceu e os finados Brizola e Luís Carlos Prestes são pessoas cujo lugar é apodrecendo atrás das grades e não na política. Ou seja, são pessoas que tratam a questão social como “caso de polícia” que nem nos tempos da República Velha (1889 – 1930). No fim, Lula e Dilma chocaram o ovo da serpente que agora os pica.
9 – Se há algo que aqui no Brasil é apartidário isso atende pelo nome de corrupção. Haja vista, por exemplo, o fato de Marcos Valério, o operador do mensalão, ter começado sua carreira de mensaleiro não no PT, e sim no PSDB. Algo sobre o qual Lucas Figueiredo fala no livro “O Operador”, lançado em 2006. O mensalão, em realidade, começou em Minas sob os auspícios de Eduardo Azeredo e Marcos Valério, e só depois que Lula foi eleito é que Marcos Valério passou a irrigar os cofres do PT, quando viu que Lula e não Serra ia ganhar o pleito presidencial de 2002. Entretanto, o que vimos durante a Operação Lava Jato é Moro, Janot e companhia limitada tratarem a coisa da forma mais partidária possível. No fim essa gente, a julgar por sua atuação ao largo da Operação Lava Jato, não passa de políticos de toga.
10 – O que delações como a da Odebrecht mostram? Uma coisa, basicamente: que grandes capitalistas como ele e tantos outros tratam o processo eleitoral como se fosse a rinha de galo particular deles, onde apostam em todos os competidores com o dinheiro que ajuda a financiar suas milionárias campanhas eleitorais. Assim, independente de quem ganhe o pleito eleitoral, os capitalistas que apostam rios de dinheiros em todos os candidatos é que são os verdadeiros vencedores. E eles não fazem isso de graça: querem favores e concessões em troca, assim como o dinheiro que eles investiram de volta redobrado posteriormente. Como Kadaffi diz em um trecho da página 10 do Livro Verde, “É possível comprar e manipular os votos quando os mais pobres não podem estar no coração das lutas eleitorais; são sempre (e só) os ricos que ganham as eleições!”. A seguinte pergunta fica no ar: será que a Odebrecht era a única rinheira do pedaço durante todos esses pleitos eleitorais? E por que será que Moro, Marcelo Bretas, Dallagnol e camarilha limitada tanta questão fazem de demolir a Odebrecht e outras empreiteiras nacionais? E mais uma pergunta: será que a ingerência do capital no processo eleitoral é uma exclusividade da Terra Brasilis? Será que isso também não acontece em países do dito Primeiro Mundo tais como Estados Unidos, Canadá, Islândia, França, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia e Japão? Levando em consideração que Marx há um século e meio já dizia que o estado moderno é o balcão de negócios da burguesia, eu acho que não é.
11 – O problema da corrupção se resolve com operações policiais pontuais e com ampla cobertura e show midiático pirotécnico tais como a Mãos Limpas (em italiano Mani Puliti) e sua inspiração tupiniquim que atende pelo nome de Operação Lava Jato.
Fontes:
Figueiredo, Lucas. O Operador: como (e a mando de quem) Marcos Valério irrigou os cofres do PSDB e do PT. Rio de Janeiro: Record, 2006.
Kadaffi, Muammar. O Livro Verde. Gráfica Renascença: Lisboa, 1984.
Marx, Karl. Engels, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1848/ManifestoDoPartidoComunista/cap1.htm
Combate à corrupção é marca dos governos do PT. Disponível em: http://www.pt.org.br/combate-a-corrupcao-e-marca-dos-governos-do-pt/
Dallagnol é parte integrante do regime político do Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QHgF6ULA1VE
“Juiz não é Deus”, “mas você sabe com quem está falando?” Disponível em: https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/150116764/juiz-nao-e-deus-mas-voce-sabe-com-quem-esta-falando
Juízes estaduais e promotores: eles ganham 23 vezes mais do que você. Disponível em: http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/06/juizes-estaduais-e-promotores-eles-ganham-23-vezes-mais-do-que-voce.html
Nildo Ouriques – calote na dívida pública? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RUCNNCTyEi4
Nildo Ouriques – os três níveis da corrupção. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xbgVmPeVn08
Nos tempos do engavetador-geral: refrescando Fernando Henrique Cardoso. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/nos-tempos-do-engavetador-geral-refrescando-henrique-cardoso
Vargas, JK, Jango, Lula, Dilma e a oposição ao desenvolvimento. Disponível em: http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/159622/Vargas-JK-Jango-Lula-Dilma-e-a-oposi%C3%A7%C3%A3o-ao-desenvolvimento.htm


NOTA:


[1] Leia-se “Ian”, pois no mandarim, assim como no francês, quando uma palavra termina em consoante esta é muda.
[2] Leia-se “Ianus”. No latim, assim como em idiomas como o alemão, o holandês, o húngaro, o polonês, o servo-croata, as línguas escandinavas e bálticas, o tcheco, o eslovaco e outros tantos, a partícula j tem valor de i.
[3] Leia-se “Odebrerrt”. No alemão (Odebrecht é um sobrenome de origem germânica) a partícula ch tem o mesmo valor do j no espanhol e do kh no russo: r aspirado.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Valeu a pena, Luluzinha? As bolas foras do Ursinho Amarelista.


Foto – O Ursinho Amarelista (PSOL; imagem ilustrativa).
Recentemente, Luciana Genro, candidata do PSOL (vulgo Ursinho Amarelista) à presidência da República em 2014, foi acusada por Pedro Novis, ex-presidente do grupo Odebrecht[1], em delação de receber propina da Braskem pela ex-petista ter ajudado a empresa no polo petroquímico do Rio Grande do Sul. Segundo Pedro Novis, nos pleitos eleitorais de 2002 e 2006 ela, junto com os candidatos a governador do Estado do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (PMDB) e Yeda Crusis (PSDB), assim como os deputados federais Pepe Vargas (PT), Marco Maia (PT) e a própria Luciana Genro (PT). Tais doações em forma de caixa 2 somam R$ 480 milhões ao todo. Posteriormente, ela negou tais acusações em sua página no Facebook e em seu site.
Primeiramente, o que delações essa e a de Marcelo Odebrecht mostram (os quais bem provavelmente estão fazendo acordo de delação premiada com Moro e sua equipe só para se livrarem das masmorras da República de Curitiba e de todo o terrorismo psicológico que eles lhe infligem), independentemente de sua veracidade? Que esses empresários tratam o processo eleitoral como se fosse sua rinha de galo particular, onde eles apostam em todos os participantes da contenda. Assim, independentemente do vencedor, eles é que são os verdadeiros vencedores no fim das contas e o político que ganha o pleito eleitoral entra no poder devendo favores a seus financiadores, e assim tem de fazer concessões e favores a eles. Isso também mostra o papel de agentes do setor privado nos esquemas de corrupção que volta e meia os grandes meios de comunicação divulgam aos quatro ventos. E aí eu pergunto aos que acham que o Brasil é o país da corrupção e retórica afins: será que essa ingerência do capital no processo eleitoral a ponto de trata-lo como sua rinha de galo particular é uma exclusividade da Terra Brasilis? Será que isso também não existe em países do dito Primeiro Mundo tais como Estados Unidos, Canadá, França, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Islândia e Japão? Enquanto a manada se deleita com mais um episódio da telenovela Operação Lava Jato (vulgo Operação Caça ao Lula), o governo Temer perdoou R$ 25 bilhões de dívida do Itaú de sonegação de imposto. Ou seja, tal qual acontece nos países da Europa meridional quem paga a farra dessa gente por meio de políticas de austeridade é você, plebeu, não eles.
E o curioso disso tudo é que se trata da mesma Luciana Genro que era a maior defensora da Operação Lava Jato dentro da esquerda brasileira. Referindo-se ao PT, ela afirmou que a Operação tinha que avançar doa a quem doer, que suas ações antidemocráticas são aceitáveis desde que a “corrupção” seja castigada. Segundo a filha de Tarso Genro, a Lava Jato “estava cumprindo um PAPEL POSITIVO ao enfraquecer um sistema político corrupto e burguês. As prisões da cúpula do PMDB do Rio falam por si só – o que a cara de Aécio na Veja mostra também [...] Ao contrário, creio que o partido perdeu uma imensa chance ao não defender de maneira resoluta esta CAUSA JUSTA APOIADA PELO POVO”. A mesma Lava Jato que favoreceu a entrada de Temer ao poder, ordenou uma condução coercitiva e ameaça prender sem provas o ex-presidente Lula, vazou ilegalmente ligações telefônicas de conversas envolvendo os ex-presidentes Lula e Dilma, que ajudou a levar a Dona Marisa ao falecimento, constrangeu por suposto crime de opinião pessoas como o petroleiro Emanuel Cancella, o jornalista Breno Altman, o blogueiro Eduardo Guimarães e o serventuário de justiça Roberto Ponciano por críticas ao juiz Sérgio Moro, usa e abusa de “prisões preventivas” com o intuito de forçar delações premiadas, que está desmontando com a economia brasileira em favor do capital estrangeiro, entre outras coisas. E o que está em jogo no Rio de Janeiro em realidade não é um verdadeiro combate à corrupção, e sim uma briga de poder onde as velhas peças dos esquemas de corrupção estão sendo substituídas por novas peças tão ou mais corruptas quanto, como bem apontou Rui Pimenta Costa. Esse conto de combate à corrupção não passa de uma cortina de fumaça para esconder tal fato à população. E a burguesia vai continuar mandando no jogo político por trás das cortinas do poder do mesmo jeito.
E então, valeu a pena ficar jogando confete esse tempo todo para o Moro, o Dallagnol e sua camarilha, Luluzinha? Valeu a pena se posicionar a favor do golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff desde o início do processo golpista? Valeu a pena comemorar a prisão do José Dirceu quando ele foi preso? Valeu a pena atacar o Lula em sua página no Facebook quando houve a tentativa de condução coercitiva da parte da República de Curitiba? Valeu a pena fazer coro com a imprensa golpista nesses casos todos e não defender nenhum daqueles que a República de Curitiba prendeu injustamente? O que você está achando do sabor da mordida da cobra? Está gostando do veneno que a cobra começou a injetar em você? Está gostando da dor da mordida? Espero que agora você reveja isso e caia na real. Na opinião de alguém como o Sérgio Moro (um sujeito que a julgar por suas ações no decorrer da Operação Lava Jato é reacionário até a medula e trata a questão social como “caso de polícia”, tal como era feito no tempo da República Velha [1889 – 1930]) o teu lugar não é na política, e sim apodrecendo na prisão atrás de grades de ferro. Luluzinha, por favor, acorde antes que seja tarde demais. A tua citação na delação em questão certamente é apenas o começo. O começo de uma série de delações e processos onde os juízes e promotores da Lava Jato (que nada mais fazem que exercer o mesmo papel que os milicos exerceram entre 1964 a 1985: capatazes a serviço da Casa Grande) irão utilizar as mais frívolas acusações contra você para dar um verniz legal e assim justificar perante a opinião pública uma eventual prisão tua, que nem estão fazendo contra o Lula no presente momento. E você ser presa por eles será bem mais fácil que prender o Lula, já que você não tem o mesmo apelo popular que o ex-presidente tem. Ou seja, o pior ainda está por vir. Espero que esteja preparada enfrentar e receber as mordidas da cobra chamada Operação Lava Jato, Luluzinha. Se isso vier a acontecer com você, eu serei solidário com você como tenho sido com o Lula. Mas por favor, Luluzinha, caia na real. Ainda mais para você que teve a audácia de falar na última campanha presidencial a respeito do flagelo do Bolsa Banqueiro junto com Levy Fidelix e Eduardo Jorge.
Isso também é sintomático do fato de que os principais partidos da esquerda brasileira, em especial o PSTU (vulgo Ursinho Morenista), o PSOL e o próprio PT, agem e se comportam como se aqui no Brasil não houvesse um dos mais terríveis (se não o mais) conflitos de classe da face da Terra, resultado do grande abismo social existente entre o andar de cima e o andar de baixo. Como se aqui não houvesse uma das direitas mais reacionárias e raivosas da face da Terra que não tem o menor pudor em utilizar os mais baixos expedientes para se perpetuar no poder e em promover golpes de Estado contra governos que contrariem seus interesses. Como se aqui não houvesse juízes, promotores, policiais e militares reacionários que tratam a questão social como caso de polícia, uma classe dominante entreguista e escravagista até a medula (isso passados já 13 décadas da Lei Áurea) e meios de comunicação que na prática são o quarto poder e todos eles exercendo o poder em favor dessa mesma classe dominante. Como se não bastasse seus desastrosos posicionamentos em política exterior (como no caso da Líbia e da Síria de 2011 em diante e da Ucrânia em 2014, onde eles tratam a fina flor do terror wahhabita e grupos neonazistas como revolucionários) onde eles fazem coro à direita e as ações do imperialismo estadunidense, eles se comportam como um sujeito que está diante de um vulcão adormecido há muito tempo e que acha que ele não irá mais expelir lava. A esquerda brasileira precisa mudar essa postura. Do contrário, continuará apanhando das forças reacionárias ad eternum. E, se de fato o pior de nossos prognósticos se concretizarem, de o Brasil se transformar em um país regido por um regime de terror de Estado similar ao existente na Colômbia amparado pelo Judiciário, uma coisa é certa: Luluzinha e companhia limitada, vocês terão culpa no cartório por isso.

Foto – Luciana Genro (imagem ilustrativa).
Fontes:
Até Luciana Genro ataca Lula e o PT depois de condução coercitiva do ex-presidente. Disponível em: http://www.folhapolitica.org/2016/03/ate-luciana-genro-ataca-lula-e-o-pt.html?m=1
Carf e Itaú: o escândalo do financismo que a mídia não mostra. Disponível em: http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2017/04/carf-e-itau-o-escandalo-do-financismo-que-a-midia-nao-mostra
Lista de Fachin: PSOL tem de escolher entre ser hipócrita ou golpista. Disponível em: http://causaoperaria.org.br/blog/2017/04/15/lista-de-fachin-psol-tem-que-escolher-entre-ser-hipocrita-ou-golpista/
Luciana Genro, a líder da esquerda pró-Lava Jato. Disponível em: http://www.ocafezinho.com/2017/04/06/luciana-genro-lider-da-esquerda-pro-lava-jato/
Luciana Genro adorava delações sobre outros... até aparecer na delação nesta sexta. Disponível em: http://www.ceticismopolitico.com/luciana-genro-adorava-delacoes-sobre-outros-ate-aparecer-na-delacao-nesta-sexta/
Luciana Genro defende prisão de Lula e faz inacreditável e pueril apologia ao fascismo da Lava Jato! Saiba mais... Disponível em: http://maisvisto.com/2017/04/06/luciana-genro-defende-prisao-de-lula-e-faz-inacreditavel-e-pueril-apologia-ao-fascismo-da-lava-jato-saiba-mais/
Luciana Genro rejeita pedido da Odebrecht para que interferisse a favor dos interesses dos interesses da empresa no RS. Disponível em: https://lucianagenro.com.br/2017/04/luciana-genro-rejeita-pedido-da-odebrecht-para-que-interferisse-a-favor-dos-interesses-da-empresa-no-rs/
Não existe uma luta contra a corrupção e sim de poder. Disponível em:
O sistema da dívida em debate – eleições 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=I__hgZdV-cE
Pedro Novis: Braskem pagou R$ 480 milhões em Caixa 2 entre 2006 a 2014. Disponível em: http://www2.valor.com.br/politica/4938368/pedro-novis-braskem-pagou-r-480-milhoes-em-caixa-2-entre-2006-e-2014
“Viva a Lava Jato!” disse Luciana Genro, denunciada por ter recebido Caixa Dois. Disponível em: http://causaoperaria.org.br/blog/2017/04/15/viva-a-lava-jato-disse-luciana-genro-denunciada-por-ter-recebido-caixa-2/

NOTA:


[1] Leia-se “Odebrerrt”. No alemão (Odebrecht é um sobrenome de origem germânica) a partícula ch tem o mesmo valor do j no espanhol e do kh no russo: r aspirado.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Solidariedade ao Vice-Almirante Othon.


Foto – Othon Pinheiro da Costa.
É impressionante a falta de consideração que um país como o Brasil tem tido com um cientista da envergadura de Othon Pinheiro da Costa, o pai do programa nuclear brasileiro e formulador da matriz energética brasileira. O Vice-Almirante Othon, formando em 1966 em Engenharia Naval pela Escola Politécnica de São Paulo com especializado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts em 1978, recebeu no mesmo ano a incumbência de iniciar os primeiros estudos para a construção do submarino nuclear brasileiro, e entre 1979 a 1994 liderou o Programa Nuclear Paralelo. Tal projeto, executado de forma sigilosa pela Marinha, resultou no desenvolvimento de uma tecnologia 100% nacional de enriquecimento de urânio por meio do método de ultracentrifugação. Entre 1982 a 1984 Othon foi diretor de pesquisas de reatores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Em 1994 se aposentou como Vice-Almirante e abriu uma empresa de consultoria para projetos na área de energia.
Em 2005, Othon assumiu a presidência da Eletronuclear, e em sua gestão as obras da usina Angra 3, até então paradas há 23 anos, foram retomadas. Eis que em abril de 2015 ele foi afastado de seu cargo depois que apareceram denúncias de pagamento de propina a dirigentes da empresa e por causa disso foi preso em decorrência das investigações da Operação Lava Jato, sendo novamente preso pela Polícia Federal em julho de 2016 e condenado a 43 anos de prisão por decisão de Marcelo Bretas (o mesmo Marcelo Bretas que autorizou a prisão de Eike Batista e que Osvaldo Bertolino descreveu como uma “cópia piorada de Sérgio Moro”. Sob os auspícios de Teori Zavascki passou a cuidar do caso Eletronuclear), juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Com tal pena ele, que já tem 78 anos de idade, só sairá da cela com 121 anos de idade. Ou seja, quando já estiver morto.
Em 29 de março de 2017, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) fez um discurso na Câmara dos Deputados em defesa do Vice-Almirante Othon, algo que até agora Jair Bolsonaro (o mesmo Bolsonaro que recentemente passou vexame diante de Sérgio Moro) nem ousou fazer. Segundo o deputado petista, a acusação feita ao Vice-Almirante Othon (que domina o ciclo do urânio e seus mecanismos de enriquecimento) de que ele recebeu benefícios da Andrade Gutierrez é infundada, já que a empreiteira não ganhou a licitação para as obras de Angra 3. Damous também conta nessa defesa que o Vice-Almirante Othon estava desenvolvendo um projeto revolucionário de hidroturbogerador, que permite que se gere energia com uma queda d’água de apenas um 1,20 metro de altura, no que beneficiaria milhares e milhares de famílias com energia barata. Assim sendo, o cientista (que já tentou o suicídio em seu presídio ante as humilhações por ele sofridas) merece a comutação da pena e sua prisão atende a interesses estrangeiros, em especial norte-americanos, que não veem com bons olhos a soberania nacional na questão energética, e que o que tem sido feito com ele foi uma espécie de “punitivismo fascista”.
O curioso disso tudo é que enquanto as grandes potências recorrem de sanções econômicas e até mesmo ações militares para combater as iniciativas atômicas de países como a Coréia do Norte, o Irã e o Iraque no tempo de Saddam Hussein (que teve sua usina nuclear destruída por um ataque militar israelense em 1981), aqui no Brasil isso não é preciso. Basta apenas a ação de um Judiciário, um Ministério Público e uma Polícia Federal que aqui agem como se fossem sua quinta-coluna. Ainda mais levando em consideração que o próprio Marcelo Bretas, segundo dados do artigo sobre o magistrado carioca na Wikipédia em português, passou quatro meses estudando o funcionamento da justiça estadunidense antes de assumir o caso em questão, e que os procuradores e investigadores da Lava Jato de modo geral vivem dizendo que a justiça ianque é um exemplo a ser seguido pelo Brasil (sendo que lá nos EUA o juiz Moro seria no mínimo executado na cadeira elétrica ou receberia prisão perpétua caso divulgasse na mídia uma conversa telefônica entre o atual presidente Donald Trump com Barack Obama ou com George W. Bush como ele fez com as conversas entre Lula e Dilma e de Dona Marisa e seu filho).
Segundo Leonardo Stoppa, por trás da prisão do Vice-Almirante Othon o que há é o seguinte: para baratear os custos da produção de energia elétrica, o Brasil começou a construir a usina de Angra 3, e isso colocou em cheque os interesses dos produtores de energia termelétrica das nações capitalistas centrais (em especial os Estados Unidos). Diz também que Washington, que vinha boicotando o programa nuclear brasileiro desde os anos 1960 ante o temor que o Brasil conseguisse uma eventual soberania na produção de energia elétrica, mais uma vez interferiu na soberania nacional e fez com que o povo brasileiro trabalhe para que pague energia elétrica cara por meio dos juízes ligados a Operação Lava Jato.
Se essa gente da Lava Jato e suas filiais espalhadas pelo Brasil condenaram o Vice-Almirante Othon a 43 anos de cadeia, não seria nenhuma surpresa se eles fizessem algo similar com Bautista Vidal, pai do Proálcool e falecido em 2013, caso ainda o físico baiano estivesse vivo. Fica aqui minha solidariedade ao Vice-Almirante Othon diante das injustiças às quais ele está sendo submetido desde que foi preso. Assim como deixo aqui minhas preocupações quanto ao futuro do Brasil. Eu temo que o Brasil, em termos políticos e institucionais, esteja caminhando para se tornar a Colômbia lusófona. Ou seja, que se torne um país regido por um terror de Estado amparado e respaldado por gente reacionária como Moro, Bretas e Dallagnol (que nada mais são que os capatazes da Casa Grande da vez, tal como foram os milicos entre 1964 a 1985) onde uma feroz repressão a todo e qualquer opositor a ordem vigente será punido, perseguido e preso. E em termos econômicos, a Itália da América Latina (que teve sua economia arrasada pela Operação Mãos Limpas, na medida em que a indústria nacional sofreu grande baque ao mesmo tempo que multinacionais, tão ou mais corruptas quanto seus congêneres nacionais, não foram tocadas).

Foto – José Walter Bautista Vidal (1934 – 2012).
Fontes:
Filme vai mostrar a cama em que D. Marisa dormia! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2sA7QyQHvyc
Gravíssimo! A “justiça” brasileira recebe ordens de um comando que não pertence ao nosso país! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7jV1gcTBG2A
Leonardo Stoppa explica os verdadeiros motivos por trás da prisão do Almirante Othon. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KKunaxd8tro
Marcelo Bretas. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelo_Bretas
Othon Luiz Pinheiro da Silva. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=60H1Mnjp6nE&t=69s
Saturnino: Almirante Othon é herói e golpistas serão julgados por traição nacional. Disponível em: http://www.ocafezinho.com/2017/04/03/saturnino-almirante-othon-e-heroi-e-golpistas-serao-julgados-por-traicao-nacional/
Sérgio Moro e Marcelo Bretas, comportando-se como crianças, comandam jogo mortal para o Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PW4E-5dp_io

Wadih Damous discursa sobre almirante Othon. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=60H1Mnjp6nE

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Escola sem Partido, parte 8 - A pirotecnia de Fernando Holiday.


Foto – Logo do Escola sem Partido.
Recentemente, o deputado Fernando Holiday, vereador do Democratas (DEM, antigo PFL) e coordenador do membro do Movimento Brasil Livre (MBL), esteve em algumas escolas da periferia de São Paulo inspecionando-as sob a alegação de “coibir qualquer tentativa de doutrinação que nossas crianças e adolescentes possam vir a sofrer”. Isso obviamente está causando preocupação nos professores que trabalham na rede pública de São Paulo.
Fernando Holiday, filho de uma auxiliar de enfermagem com um garçom, lá foi cumprir o papel de censor do movimento Escola sem Partido. E ao que tudo indica o que ele intenta fazer, pelo que sua fala transparece, é que apenas as ideias mais retrógradas e reacionárias sejam ensinadas e discutidas em sala de aula. Em outras palavras, que não se discuta em sala de aula temas tais como a questão da reforma agrária, da auditoria da dívida (tanto interna quanto externa), os lucros astronômicos que bancos e empresas multinacionais aqui instaladas todo santo ano auferem aqui no Brasil e que remetem ao exterior por meio de remessas, royalties e outros artifícios, a questão da regulação dos grandes meios de comunicação, entre outras tantas questões de importância visceral para o país.
Segundo Leonardo Stoppa, Fernando Holiday em realidade não sabe o que está fazendo ao certo, que está cumprindo um roteiro do qual ele é um de seus muitos atores e criado por um esquema neoliberal cujo objetivo é criar entre as pessoas a sensação de que há um grande inimigo: a suposta doutrinação feita por professores de esquerda em sala de aula. E assim, enche-se a bola de tal inimigo de tal forma que desvia a atenção das pessoas para as mazelas desse mesmo sistema que tem um poder de dominação ideológica muito maior que a que esses professores dispõem. E assim, as crianças serão tiradas das escolas convencionais que ensinam matérias como História e Geografia e enviadas para escolas paralelas. Nessas escolas paralelas, fanáticos cristãos seriam criados em um clima similar ao que existiu nos EUA durante os anos do macarthismo e que poderão aprovar em plebiscito todas as vontades de um presidente títere dos grandes banqueiros que mandam na política por trás das cortinas.
E então pergunto: será que ele, que tanta questão faz de inspecionar escolas da rede pública para ver se há uma suposta doutrinação de esquerda nesses recintos, teria peito para visitar faculdades de cursos como gestão e administração de empresas, de onde saem os dirigentes de organizações patronais como a FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo) e a CNI (Confederação Brasileira da Indústria) que aparecem por ai apoiando pautas como terceirização, golpes de Estado em momento de crise econômica, arrochos salariais e aumento da jornada de trabalho da classe trabalhadora? Será que é por mero do acaso do destino que os representantes da Casa Grande, em entrevistas e pronunciamentos, periodicamente dizem tais coisas na cara dura diante da população? Como, por exemplo, quando Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, afirmou que a carga horária do trabalhador brasileiro deveria ser aumentada de 44 para 80 horas (no que faria o trabalhador brasileiro trabalhar por quase meia semana) e quando Benjamin Steinbruch, ex-presidente da FIESP disse que o trabalhador não precisa de uma hora de almoço e que ele pode ao mesmo tempo operar uma máquina e comer um sanduíche? Do nada é que aberrações como essas surgem. A ideologia da escravidão entre a elite brasileira até hoje, passados 13 decênios da Lei Áurea, também não se perpetua automaticamente. É como se fosse uma erva daninha que até hoje não teve sua raiz arrancada do solo. Ainda mais levando em consideração que ele é negro e o fato dele não se tocar que muito embora ele seja um vereador ele veio de baixo e, portanto os verdadeiros representantes da Casa Grande o olham de baixo para cima e como uma peça descartável de xadrez que a qualquer hora pode ser descartada. O que vai acontecer quando a Casa Grande achar que eles não têm mais utilidade alguma para eles (algo que talvez seja apenas questão de tempo acontecer). A Casa Grande jamais irá admiti-lo em sua confraria por mais que ele, um sujeito de origens humildes tal qual o Lula, se esforce. No fim vai nadar, nadar, nadar e morrer quando chegar na praia tal qual uma baleia encalhada.
E ele que tanta questão faz de patrulhar os professores da rede pública e querer dizer o que eles podem ou não podem ensinar em suas aulas, pelo visto parece não ter a mesma gana para fazer o mesmo nos grandes veículos de comunicação como a Rede Globo, a Rede Record e o SBT, que possuem um poder de assédio ideológico nas pessoas muito maior ao que professores de esquerda têm. Nunca vi o mesmo Fernando Holiday falar em proteger as crianças e inspecionar o conteúdo dos programas que a Rede Globo veicula em suas novelas, telejornais, programas de variedades e reality shows, por exemplo. Também nunca vi o mesmo Fernando Holiday cobrar isenção ideológica da parte dos juízes e procuradores que comandam a Operação Lava Jato e suas filiais espalhadas pelo Brasil, que tem sido conduzida da forma mais ideologizada possível. E será que ele teria peito para inspecionar o que os futuros aspirantes a juízes e procuradores de órgãos como a Polícia Federal, do Ministério Público Federal e do Judiciário aprendem em seus cursos de magistratura, ou como as nomeações para esses órgãos acontecem, já que o funcionamento dessas instituições é feito de maneira a ajudar na perpetuação ad eternum o status quo da classe dominante (e, portanto partidário até a medula)? Ao que tudo indica, não. Ou será que a mentalidade reacionária dessa gente, que acha que o lugar de gente que conteste o sistema é atrás das grades, se perpetua automaticamente? E é para essa gente, que não se dá conta de que na verdade são partes integrantes do sistema da corrupção vigente no Brasil (sistema do qual Deltan Dallagnol e Marcelo Odebrecht são as duas faces de Janus[1], o deus supremo do panteão romano) e que cuja função é punir aqueles cuja permanência em algum cargo importante é algo que não mais interessa aos verdadeiros donos do poder por meio de acusações eivadas com o mais tacanho e rasteiro moralismo tais como corrupção, desvios de dinheiro público e afins (haja vista o recente caso de Sérgio Cabral Filho, ex-governador do Rio de Janeiro, preso sob ordens de Marcelo Bretas), que o Escola sem Partido pretende que sejam levados os casos de proselitismo ideológico denunciados por lei (onde certamente será feita vistas grossas para com os casos de proselitismo ideológico mais afinados ideologicamente com a gente reacionária que pulula em órgãos como o Judiciário e o Ministério Público ao mesmo tempo em que os casos de proselitismo ideológico esquerdista serão punidos com todo o rigor da lei, ainda mais na situação em que o país se encontra, onde há um risco muito grande de se implantar um regime de terror de Estado similar ao que existente na Colômbia e amparado por gente como Moro, Dallagnol e Bretas).
Para gente como Fernando Holiday, Miguel Nagib e outros partidários do Escola sem Partido só configura assédio ideológico o que professores de esquerda fazem em sala de aula. Já para instâncias de poder bem mais altas e mais afinadas com o sistema que são tão o mais partidárias quanto o proselitismo ideológico de esquerda em sala de aula vistas grossas se faz. No fim das contas ele certamente não quer mexer com quem tem muito mais poder que ele. Ou talvez nem faça questão disso. É a corda mais uma vez rompendo no lado mais fraco, como de praxe.
No fim das contas, Fernando Holiday, para além do reacionarismo raivoso que está à vista de todos nós, nada mais é que o emblema de um sintoma. O sintoma do fato de que a política social petista nesses anos todos só se preocupou em inserir o pobre na sociedade por meio do consumo sem se preocupar ao mesmo tempo com sua politização. Uma figura como essa bem dificilmente apareceria, por exemplo, na Venezuela, onde o regime bolivariano politizou por meio dos círculos bolivarianos e das misiones as pessoas que foram beneficiadas por suas políticas sociais. Isso mostra que enquanto a esquerda não der a devida atenção à politização das massas, muitos outros Fernandos Holidays aparecerão engrossando as fileiras de movimentos reacionários como o MBL e defendendo pautas como Escola sem Partido, terceirização e políticas neoliberais.

Foto – Fernando Holiday e sua visão sobre o que a escola deve ensinar aos alunos.

Fontes:
05/04/2017 – Por que Fernando Holiday faz todo aquele espetáculo? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NUJecQ8LaEU
Análise na íntegra sobre Fernando Holiday (MBL). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TxeVa9XhMtw
“Chutar Holiday e seu bando fascista das escolas”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Y5UnOOMvvio
Dallagnol é parte integrante do regime político do Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QHgF6ULA1VE
Fernando Holiday. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Holiday
Pela jornada de 80 horas para quem vestiu camisa amarela. Disponível em: http://www.blogdacidadania.com.br/2016/07/pela-jornada-de-80-horas-para-quem-vestiu-camiseta-amarela/
Por que Fernando Holiday está invadindo escolas públicas. Por Mauro Donato. Disponível em: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-fernando-holiday-esta-invadindo-escolas-publicas-por-mauro-donato/

NOTA:

[1] Leia-se “Ianus”. No latim, assim como em idiomas como o alemão, o holandês, o húngaro, o polonês, o servo-croata, as línguas escandinavas e bálticas, o tcheco, o eslovaco e outros tantos, a partícula j tem valor de i.

sábado, 8 de abril de 2017

Imperialismo ataca governo sírio: nota de repúdio.


Na última quinta-feira (dia 6 de abril de 2017), o exército americano lançou mais de 50 mísseis Tomahawk contra uma base aérea Síria. O pretexto desta intervenção foi ataque químico supostamente realizado a mando de Bashar al-Assad e que ocorreu na cidade de Khan Sheikhun[1], matando mais de 70 pessoas de acordo com a imprensa.
Considerando que Assad, com a ajuda dos russos e de combatentes do Hezbollah, tem feito importantes avanços na guerra civil síria, expandindo a lista de territórios controlados pelo governo, parece bastante improvável que o mesmo realizasse um ataque de tal tipo. Todo ceticismo é bem-vindo em uma situação como essa. 
O blog Resistência Terceiro Mundista se solidariza mais uma vez com os governos nacionalistas do Terceiro Mundo e se posiciona contra qualquer intervenção militar estrangeira na Síria que não tenha autorização do governo legítimo de Bashar al-Assad.


NOTA:


[1] Leia-se “Rran Sheirrun”. No árabe, assim como em idiomas como o russo, o mongol e o persa, a partícula kh (cirílico х) tem valor de r aspirado tal qual o j no espanhol e o ch no alemão.