segunda-feira, 25 de julho de 2016

A farsa do conservadorismo da Rede Globo.


Foto – Logo de “Liberdade, Liberdade”, a atual novela global das 23h00.
No dia 12 de julho de 2016, na novela das 23h00 da Rede Globo, “Liberdade, Liberdade”, houve uma de sexo entre dois homens, interpretados pelos atores Caio Blat e Ricardo Pereira. A repercussão em torno dessa cena foi grande, como não poderia deixar de ser. Alguns internautas em redes sociais comentaram que gostaram da cena em questão e chegaram até a agradecer à Rede Globo. Maitê Proença disse que essa cena foi um marco na história da TV brasileira. Entretanto, para mim, isso não me surpreende nem um pouco. A Rede Globo tem todo um histórico de cenas e temáticas GLBTT em suas novelas que remonta desde a década retrasada. E o que ela faz em suas novelas, diga-se de passagem, é em sua essência repetir aqui o que muitos seriados dos Estados Unidos e da Inglaterra fazem (entre eles Sherlock, Doctor Who, Glee e outros), ou do que no Japão animes e mangás dos gêneros yaoi e yuri fazem (o primeiro é destinado ao público gay e o segundo ao público lésbico. Em outras palavras, hentai para o público GLBTT).
Isso é mais um tapa na cara daqueles que acham que a Globo é uma emissora totalmente conservadora (ou seja, tanto no campo político quanto no campo moral). A emissora fundada por Roberto Marinho, embora seja de fato conservadora em termos políticos, social e moralmente falando não comunga com o discurso neoconservador republicanóide de gente como Jair Bolsonaro e seus filhos, Marco Feliciano, Magno Malta, Silas Malafaia, Olavo de Carvalho (vulgo Sidi Muhammad Ibrahim) e outros. Apenas em termos políticos é que o discurso da Rede Globo comunga com o das citadas figuras, pois ambos não se sentem a vontade com um partido de massas no poder e que eventualmente resolva fazer aqui no Brasil uma versão tupiniquim da Ley de Medios e assim ameaçando o status quo privilegiado da Rede Globo dentro da mídia nacional, tal qual a citada lei fez na Argentina com oligopólios de mídia como o El Clarín. Mas, enquanto Bolsonaro, Feliciano, Malafaia e companhia limitada se mostram refratários a temas como liberação de casamento entre pessoas do mesmo sexo, ideologia de gênero e liberação de drogas e do aborto, o mesmo não se verifica não apenas com a Rede Globo como também com outros veículos de comunicação de massa como a Revista Veja (o que já foi explicado em artigos anteriores postados nesse blog).
E aí eu pergunto a certos incautos: o que tem de revolucionário uma cena de sexo gay em uma novela da Rede Globo (a ponto de ser algo estremeça as bases do atual sistema vigente)? Tal cena é tão revolucionária quanto, por exemplo, a propaganda do Boticário do dia dos namorados do ano passado, um filme de conteúdo pornográfico GLBTT nos cinemas ou um mangá/anime dos gêneros yaoi e yuri nas bancas, livrarias e canais de televisão do Japão: nada. E o que terá de revolucionário, por exemplo, se um dia a Rede Globo, em uma futura novela, veicular uma cena de sexo lésbico ou quem sabe até necrófilo, zoófilo ou pedófilo e/ou exibir um anime yaoi ou yuri? Também nada. Revolucionário talvez apenas dentro da cabeça oca de gente como o Olavo de Carvalho e seus colegas do Mídia sem Máscara, que, do alto de sua tacanhice típica e costumeira, vêm comunismo em todos os lugares possíveis e imagináveis (sendo que em realidade o que ele faz é trazer para o Brasil as teorias conspiratórias dos republicanos estadunidenses). Alguns incautos acham que a veiculação dessa cena em uma novela global é uma forma de combater o ódio que muitos têm em relação aos homossexuais (assertiva essa que eu, diga-se de passagem, acho no mínimo muito duvidosa quanto a seus efeitos práticos. Coisas como essas invariavelmente acabam ajudando a fortalecer os Bolsonaros, os Malafaias e os Felicianos da vida). Sendo que isso, em realidade, trata-se de um ato de finalidade mercadológica visando explorar comercialmente o público GLBTT. É o dedo de Midas do capital que tudo transforma em ouro (vulgo mercadoria a ser vendida por determinado preço no mercado). Em outras palavras, trata-se de capitalismo puro e simples. Pequenas Empresas, Grandes Negócios.
Além disso, isso se trata de mais um exemplo da grande mídia corporativa privada submetendo a população àquilo que Ludovico Silva (o qual, diga-se de passagem, é pouco conhecido no Brasil) chamava de mais valia ideológica. Segundo o finado filósofo marxista venezuelano, a mais valia ideológica seria a extensão da exploração que o trabalhador é submetido na fábrica em casa, pois mesmo em seu lar a pessoa se encontra presa à lógica do sistema de produção capitalista na medida em que é exposta e eventualmente consome os produtos que a televisão divulga, permanecendo em um estado de “produção” mesmo pensando que está em casa descansando. Ideologicamente, a mais valia ideológica tem como finalidade transformar o trabalhador em um guardião do sistema vigente, com a superestrutura mental e ideológica sendo condicionada pela superestrutura socioeconômica com a finalidade de reforçar a exploração do trabalho pela mesma estrutura. Portanto, a televisão, tal qual instituições como o judiciário e outras, é um órgão que tem partido, o partido do capital multinacional (e isso é algo que os proponentes do Escola sem Partido ignoram olimpicamente, seja por pura ignorância, por conveniência ou por má fé. Ou talvez porque não queiram mexer com gente poderosa).

Foto – Ludovico Silva (1937 – 1988).
Um bom exemplo de mais-valia ideológica e seu funcionamento é o fato de que hoje em dia, na Inglaterra, segundo o vídeo russo “Методы пропанды извращений средствами кинематографа” (Métodos de propaganda de perversões pelos meios cinematográficos, em português), postado originalmente pelo canal do You Tube “Научи Хорошему 2.0 (”Ensine o que é bom 2.0”), uma enquete foi feita por sociólogos europeus e revelou-se que metade dos jovens britânicos não sabem se são garotos ou garotas, e que apenas 46% dos britânicos de 18 a 24 anos pesquisados se consideram totalmente heterossexuais, ao passo que essa porcentagem entre os entrevistados britânicos acima de 60 anos sobe para 88%, para 78% entre os de 40 a 59 anos e para 58% entre os de 25 a 39 anos. A mesma pesquisa também revelou que quase todos aqueles que se dizem de orientação sexual não tradicional se tornaram assim por causa do que viam nos programas de televisão que assistiam, e não por causa de defeitos congênitos. Em outras palavras, essas pessoas em questão tratam-se de heterossexuais enrustidos que ficam bancando o gayzão ou a sapatona para passarem uma imagem de descolados e moderninhos perante os outros (ou seja, aquilo que eu chamo de homossexualismo de modinha). E esse tipo de comportamento nada mais é que o mesmo do gay que fica bancando o heterossexual para passar uma imagem de machão perante os outros, só que com sinal invertido.
O mesmo vídeo em questão menciona a existência de cinco métodos de propaganda de perversões utilizados pela mídia de massa: 1 – Introdução do tema das perversões no enredo da produção, ou escolha para ecranização[1] de uma história originalmente dedicada a pederastas; 2 – Uso do humor na exaltação/discussão do tema das perversões; 3 – Demonstração de perversões enquanto norma de conduta. Troca das palavras “pederasta” e “pervertido” pelos eufemismos “gay”, “homossexual” e etc.. (ou seja, dar um nome gourmet à coisa); 4 – Formação da imagem do pervertido como uma personalidade refinada, criativa. Invoque nos espectadores emoções de empatia aos sodomitas; 5 – Envolvimento de pervertidos assumidos nas filmagens dos filmes, seus avanços em altos postos na esfera da mídia de massa e da cultura.
Obviamente que o sistema que aí está nenhum amor nutre pela comunidade GLBT e seus integrantes, apenas os usa como massa de manobra para atingir seus objetivos. E, no momento em que eles não mais forem úteis ao mesmo sistema, serão descartados como se fossem peões de um jogo de xadrez. Grandes capitalistas estão por trás não são de movimentos GLBT como também por trás de movimentos a favor do aborto, de liberação de drogas como maconha e outras, de ideologia de gênero, entre outras porcarias que eles apoiam e financiam através do dinheiro que eles fornecem através de suas ONGs e fundações. Como parte da elite global que concentra em suas mãos o poder e a maior parte da riqueza existente no globo, eles obviamente almejam a perpetuação de seu status privilegiado ad eternum. O que se faz através de uma estratégia de destruição moral das massas e desvio de atenção de seus reais problemas. Assim, a atenção das massas é desviada do combate ao poder de gente como George Soros, Rockefeller, Rotschild (os mesmos Rotschild que eram os principais credores do Brasil nos tempos do Império e da Primeira República), Bilderberg, irmãos Koch (os mesmos que financiam aqui no Brasil grupos como o Movimento Brasil Livre) e outros tubarões das finanças internacionais, ou mesmo de empresas transnacionais como a Monsanto e as sete irmãs do petróleo (as mesmas que ajudaram a desestabilizar o Oriente Médio e o norte da África) para coisas de importância muito menor como identidade de gênero, sexualidade, a droga que consome, poder abortar ou não depois de engravidar em uma balada ou uma micareta e porcarias afins.
E onde entra a questão da televisão e da mais valia ideológica que ela submete às pessoas nessa história toda? Como dito acima, a televisão é um órgão cujo funcionamento está dentro da lógica capitalista e que cujo partido é o dos interesses do grande capital transnacional aqui estabelecido. E esses, por seu turno, a usam para fazer valer seus interesses e levar adiante sua agenda de perpetuação de poder (explicação essa que eu vejo como muito mais plausível do que as teorias de conspiração que o Olavo de Carvalho e sua trupe vivem vomitando).
E isso também mostra o quanto o ser humano se encontra moralmente decadente nos dias de hoje. E essa não é a primeira vez que isso acontece: no processo de decadência e ocaso de diversas civilizações ao longo da história o fator moral esteve largamente presente, como foi o caso do Império Romano e da China Imperial. No caso romano, os vários povos germânicos que durante séculos viviam nas fronteiras além dos rios Reno e Danúbio são comumente vistos como os responsáveis pelo fim do Império Romano. Entretanto, o que a ação deles e dos hunos fizeram foi nada mais que destruir algo que já estava podre por dentro e o episódio da deposição de Rômulo Augusto pelo chefe hérulo Odoacro em 476, o golpe de misericórdia que pôs fim a existência do Império Romano Ocidental. Nos momentos de agonia final do Império Romano Ocidental, a taxa de natalidade da população diminuiu muito, ter filhos era visto como um fardo e práticas como o aborto e o infanticídio se disseminaram cada vez mais, assim como orgias, banquetes, bebedeiras e a prática crescente de atos sexuais não-tradicionais (zoofilia incluso), tornando assim a sociedade romana cada vez mais hedonista. Na China do final da Dinastia Qing[2] (1644 – 1912), houve o problema da epidemia do vício em ópio principalmente a partir da derrota sofrida para a Inglaterra na Primeira Guerra do Ópio (1839 – 1842). A situação chegou a tal ponto que, quando Mao assumiu o poder, o país contava com cerca de 70 milhões de drogados não só em ópio como também em outras drogas como heroína e morfina (ou seja, cerca de 12% de sua população). Apenas depois que o problema do ópio foi resolvido (através da repressão ao tráfico e destruição da produção da droga e toda a logística nela envolvida) que a China pode sair desse buraco.
Por fim, queremos deixar bem claro que nada temos contra homossexuais enquanto seres humanos. Nessa condição eles merecem todo nosso respeito e repudiamos todo e qualquer ato de violência contra eles. Mas, por outro lado, o já mencionado homossexualismo de modinha, esse sim merece nosso repúdio. Assim como repudiamos a exploração comercial que a Rede Globo e outros grandes conglomerados de mídia nacionais e internacionais fazem em cima deles, transformando esse estilo de vida em uma espécie de mercadoria a ser consumida.

Foto – Meme mostrando Batman falando a verdade para Robin a respeito da cena de sexo gay em “Liberdade, Liberdade”, da Rede Globo.
Fontes:
Cena de sexo gay em “Liberdade, Liberdade” movimenta as redes sociais. Disponível em: http://ego.globo.com/famosos/noticia/2016/07/cena-de-sexo-gay-em-liberdade-liberdade-movimenta-redes-sociais.html
Cuando mueren las naciones (em espanhol). Disponível em: http://www.ministeriosprobe.org/docs/naciones.html
Ecranisation (em inglês). Disponível em: https://en.wiktionary.org/wiki/ecranisation
Métodos de programação de perversão na TV (em russo com legendas em português). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P3tLtHTiuh8
RW: How Maoist Revolution wiped out drug addiction in China (em ingles). Disponível em: http://revcom.us/a/china/opium.htm.
Sociedade: o frenesi dos avatares coloridos e a doutrina dos manipulados. Disponível em: http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2015/11/sociedade-o-frenesi-dos-avatares.html
Televisão: fábrica de mais-valia ideológica. Disponível em: http://eteia.blogspot.com.br/2012/01/televisao-fabrica-de-mais-valia.html



[1] Do inglês ecranisation. Nas artes cinematográficas, termo utilizado para designar a adaptação de um livro, história ou outra forma de trabalho gráfico ou escrito em filme.
[2] Leia-se “Tsin”, pois no mandarim a partícula q tem valor de ts.

Nenhum comentário:

Postar um comentário